Como me apaixonei instantaneamente pelos filmes de Woody Allen? Como sua transbordante genialidade me levou para um universo, até ali, desconhecido para mim? Será que a boêmia espetacular e o romance iludido de "Meia-Noite em Paris", pela primeira vez, traduziram todo o seu estilo? Ou talvez, a particularidade sensual e monótona de "Vicky Cristina Barcelona" trouxeram o mais autêntico e desinibido do diretor? Ou "Match Point", que trazia consigo uma história de amor, traição e crime, impossivelmente cinematográfica. Quais são os poderes de Woody Allen para levar o público a histórias de mundos tão peculiares, pouco vistas na carreira de qualquer outro cineasta? É isso que especialmente me atrai na estrutura de suas obras-primas. Silenciosas, geniais, coloridas, engraçadas, visuais, barrocas. Quem nunca se deparou com um neurótico protagonista de Woody Allen, e mais especificamente, quem não se recorda de Alvy Singer em "Annie Hall"? Alguns poderão se lembrar de outros personagens do diretor (alguns protagonizados por ele), Milos Monroe, Annie Hall, Cecilia, Mickey, Hannah, Gill, Danny Rose, Harry, Helen Sinclair, Gabe & Judy Roth, Alice, Judah Rosenthal, Cliff Stern, entre outros (citei alguns dos mais memoráveis). Suas criações são sempre cheias de um teor filosófico que aproxima o foco das relações humanas com o conflito. Nem sempre, suas obras vem, mas contém uma influência de Ingmar Bergman e Federico Fellini, o que demonstra o talento de Woody para equilibrar uma comédia e um drama. "Blue Jasmine", lançado no ano passado, mostra uma das personagens mais sensatas e originais do diretor: uma dona de casa falida, neurótica, problemática, desiludida, nervosa e intrigante que busca reconstruir uma vida, da qual antigamente, era totalmente falsa. Dentro desse filme, eu revelo que nunca vi um Woody Allen sendo mais Woody Allen: buscando o profundo de seus personagens, relacionando conflitos, causando crises, criando finais mais absolutos e o uso inevitável de flashbacks. É possível afirmar que esse gênio é quase um gênero de cinema. Hoje, meu ídolo, um grande herói das comédias, completa 79 anos. Tenho uma grande razão para chamá-lo de herói: Woody Allen conseguiu comover a platéia nos últimos 48 anos sem nenhuma falha possível. Os risos e os choros de quem assiste é provocado pela mente usual e valente de Woody, que escreve magnificamente cada roteiro de seus filmes, sem deixar escapar nenhum elemento. Bem possível é dizer: quem não queria ser um personagem de Woody Allen? Viver na grande Nova York, ou então entrar no tempo e voltar na década de 20 em Paris, a belíssima cidade-luz? Quem não queria viver uma história de Woody Allen? É aqui que então, declaro meu amor á Woody, um gênio do cinema, do qual sou um grande fã, e revelo meu anseio em viver uma de suas mil histórias! Parabéns, Woody. Aqui vai minha homenagem.
“Capítulo 1. Ele adorava a cidade de Nova York. Ele a idolatrava de maneira fora de proporção. Hã, não, ele a romantizava de maneira fora de proporção. Melhor. Para ele, não importava qual fosse a estação, aquela era uma cidade que existia em preto e branco e pulsava às grandes melodias de George Gershwin. Ah, não, vamos começar de novo."
– “Capítulo 1. Ele via Manhattan de uma forma romântica demais, como ele fazia com tudo o mais. Adorava o ruído das multidões e do tráfego. Para ele, Nova York significava belas mulheres e sujeitos da rua espertos que pareciam conhecer todos os ângulos. Ah, está piegas, piegas demais para o meu gosto. Vamos tentar fazer ficar mais profundo."
– “Capítulo 1. Ele adorava a cidade de Nova York. Para ele, era a metáfora da decadência da cultura contemporânea. A mesma falta de integridade individual que levava tantas pessoas a escolher a saída mais fácil estava transformando a cidade de seus sonhos em… Não, está com tom de pregação, e eu quero que o livro venda."
(Texto inicial de MANHATTAN, 1979 - dirigido por Woody Allen)
escrito por Luca Augusto
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