Muito mais do que um filme sobre pai, filha e o mundo diante deles. Sem Rastros explora os paralelos de como uma mudança afeta um veterano da guerra que não quer ser aprisionado, que não quer abrir mão da liberdade que encontrou e que o acolheu, e a sua filha, a menina que está crescendo, amadurecendo e desenvolvendo sua visão própria do mundo, independência e que, ao contrário do pai, quer criar raízes, é dessa forma que ela se sente livre, é assim que ela quer encontrar seu lugar no mundo. O valor que ambos compartilham é o da simplicidade, a condição, o isolamento, e é essa também a chave do drama que eles atravessam. O drama de quem se isola para para não ter a sua liberdade roubada, pois a vida em sociedade requer imposições e aprisionamentos. Por outro lado, a convivência, a conexão entre pai e filha que ultrapassa quaisquer fronteiras ou limites. "Pelo menos eles não podem mudar nossas opiniões, não é?". Debra Granik fez um dos filmes mais belos dos últimos anos, uma crítica social com um coração enorme que olha com honestidade e compaixão para seus dois protagonistas lutando para simplesmente não serem cerceados, impedidos, limitados, e viverem a vida do jeito que querem. Aquele final é de partir o coração, mas coroa a sensibilidade de uma obra que fala tão bem sobre o que é ser livre.
Com grandes performances de Ben Foster e Thomasin Harcourt McKenzie, Sem Rastros é o melhor trabalho de Granik até hoje, uma pequena pérola do cinema americano que merece ser vista. Uma pena não ter chegado aos cinemas brasileiros, ficando reservado ao lançamento nas telinhas.
Sem Rastros
Leave No Trace
dir. Debra Granik
★★★★★
Nenhum comentário:
Postar um comentário