domingo, 9 de abril de 2017

MISTÉRIO NA COSTA CHANEL (2016)


Os elogios em Cannes e a participação em 5º lugar na lista dos melhores do ano segundo a conceituada revista francesa Cahiers du Cinéma não justificam o novo filme do cineasta amado/odiado por muitos Bruno Dumont, cujo trabalho tem sido comparado ao do cineasta Robert Bresson. Seus filmes sempre são comentados pela estranheza e pela provocação que estes evocam, enquanto ao mesmo tempo não deixam de ter uma curiosa parcela de bizarrices e ao mesmo tempo a delicadeza que nenhum outro estilo reproduz. Por isso, a filmografia de Dumont é uma das mais importantes do cinema atual. E, infelizmente, seu mais novo (aguardado) filme não faz jus à tamanha importância deste cinema, por mais que tente, é uma das produções mais fracas de um grande diretor. 

Existe uma tentativa, uma própria necessidade forçada de ser um filme engraçado por trás de um conto que apresenta personagens improváveis diante de situações das mais bizarras. O filme tenta evocar um humor provocateur, zombeteiro, mas que não consegue ultrapassar o tom de um riso forçado, uma reunião formal das típicas esquisitices de um estilo inconvencional, remoto, atípico. O elenco, em plena forma, fazem bagunça enquanto incorporam seus personagens estranhos e dotados de uma graça forçada, graça essa que, se serve para provocar um tipo de humor inquietante, o efeito é passageiro.

As dondocas hiperexcêntricas de Juliette Binoche e Valeria Bruni Tedeschi prologam uma histeria exacerbada e curiosamente mesquinha. Duas ótimas atrizes em dois papeis menores, não necessariamente ruins, mas que pecam pelo exagero e pelo excesso de expressões equivocadas e manejos patéticos.

Bruno Dumont erra feio no tom de sua nova trama esquisita que em dado momento quer provocar um humor irascível e dilacerante enquanto noutra quer elevar um clímax dramático pouco convencional e tenebrosamente forjado (e irritante). Em comparação a outros filmes do diretor, como Camille Claudel 1915 (uma obra, ao meu ver), Mistério na Costa Chanel nos faz questionar as suas intenções, de tão incompreensível e bobo que é. 

Mistério na Costa Chanel (Ma Loute)
dir. Bruno Dumont
★★

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