Confesso que esperava mais do novo filme de François Ozon. Não, não é um filme ruim. Muito pelo contrário, se trata de um trabalho bastante plausível, com muitos pontos relevantes, mas não me pegou da forma que eu esperava, talvez por ser um dos filmes menos provocativos de Ozon, um diretor que sempre soube trabalhar muito bem a provocação em seus filmes, este aqui tem um tom dramático mais elevado, centrado em uma personagem dividida entre dois amores. O interessante deste filme é como a história trata de eventos passados e a influência destes no presente, e até mesmo o personagem que já morreu é um dos principais cernes da trama, estando até mais presente, digamos, do que as personagens principais viventes.
O cuidado técnico é invejável, a fotografia, belíssima. Os momentos que alternam entre o P&B e o colorido são realmente fantásticos, funcionam até mais que a própria ideia, o realce quase modesto que essas sequências propulsionam é de uma delicadeza notável. Entre os grandes destaques do filme, está Paula Beer, em uma grande interpretação, talvez a maior da atriz até hoje, com momentos dramáticos bem pesados e tensos neste filme.
Pierre Niney, que interpreta Adrien, o ex-soldado de guerra, é outro grande destaque, dono de uma performance inspirada. Seu personagem vive um dilema extremamente delicado ao estar apaixonado pela mulher do soldado inimigo que ele assassinou em tempos de guerra. O desfecho é ainda mais carregado, vale frisar cenas magníficas que surgem dele, como a cena do assassinato, que ao meu ver é uma das mais impactantes do filme (não acho que seja possível manter segredo a respeito dessa parte, já que desde o começo essa informação nos é introduzida, então...).
Ozon está em boa forma, Frantz está longe de ficar entre seus melhores filmes, mas com certeza trata-se de um exemplar seguro de seu cinema arrebatador, com uma influência dos tempos de outrora do expressionismo alemão, e, é claro, o cinema de Ernst Lubitsch, mais especificamente, do qual este filme parece beber da fonte.
Frantz
dir. François Ozon
★★★
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