A doçura de filmes como Romance à Francesa, este belo conto de Emmanuel Mouret, remete a um cinema cuja leveza acaba influindo em um astral bastante suave, requintado, e que adocica as histórias de amor e a vida dos personagens, mesmo diante de alguns eventos desastrosos que acabam por surgir, mas que nunca deixam de ser regados a emoção e sentimento. Ainda mais na presença de duas das maiores revelações do cinema francês recente, as talentosas beldades Virginie Efira e Anaïs Demoustier, simplesmente não dá pra resistir um filme com ares tão inspirados, e de uma índole tão romântica e vivaz.
Mouret parece emular Woody Allen, à seu próprio modo, é claro, com seu estilo autoral de realizar filmes carregados pela leveza e com foco em aventuras e desventuras amorosas de seus personagens. É também uma constante na filmografia do diretor os personagens masculinos meio atrapalhados e que acabam se envergonhando, mesmo que tão infantilmente, frente ao amor, o que acaba por gerar um certo clima de benevolência e amabilidade no espectador, tão inocente e tão honesto.
As personagens femininas geralmente são mulheres fortes e determinadas que, em distintas relações, acabam dando mais amor do que recebem, e em outras situações acabam recebendo mais do que dão, como é o caso deste filme, em que o personagem de Mouret, um homem divorciado, é fã de uma atriz de teatro (Efira) de quem ele não perde uma apresentação. Os dois se aproximam quando ela decide ir à escola em que ele trabalha procurando um professor para seu sobrinho. Eles acabam marcando um encontro, e repentinamente se apaixonam.
E, quando tudo parece estar funcionando, Mouret, que ama profundamente a atriz, acaba por ser o grande amor de uma outra mulher, também atriz (Demoustier) mas nem tão reconhecida quanto, que o encontrara repetidas vezes no teatro em várias apresentações, como se fosse uma sina do destino que eles dois se encontrassem. Ele não está interessado nela, por mais amável, gentil e graciosa que ela seja com ele e demonstre sentimentos tão verdadeiros quanto os que ele sente pela outra mulher.
O desfecho certamente é de cortar o coração, Mouret faz uma história focada dualmente no amor sob diferentes perspectivas, o amor que é correspondido e o amor que não é correspondido, quase como se fossem duas histórias independentes se entrecruzando, gerando essa trama de amor tão contundente, devastadora em seu final tão emocionante, mas linda como um todo.
Mouret, Efira e Demoustier estão excepcionais. Não haveriam melhores atores para este triângulo amoroso e para tais personagens. Emmanuel confirma seu status de Woody Allen do cinema francês recente com mais um conto apaixonante sobre desilusões amorosas e sentimentos que se concretizam, e não se concretizam ao mesmo tempo.
Romance à Francesa (Caprice)
dir. Emmanuel Mouret
★★★★
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