Engraçado como alguns filmes pegam a gente de surpresa. Eu nunca criava coragem pra ver O Impossível. justamente por achar que seria ruim, até que um professor meu elogiou e me disse que eu precisava ver. Por incentivo dele, fui correndo assistir, e adorei. É um filme maravilhoso, desde a primeira vez que conferi, em 2014. Em 31 de janeiro desse ano, eu fui rever, e, para a minha surpresa novamente, ele continua tão impactante e profundo quanto da primeira vez. É até meio estranho o filme ter sido indicado ao Oscar em uma única categoria (Melhor Atriz, Naomi Watts) ainda que seja uma nomeação bastante merecida, não só por conta de sua qualidade, mas também porque, se a gente for ver de perto, é um filme que tinha capacidade pra concorrer, por exemplo, a Melhor Filme, ou Direção, e que também tinha muitas chances de fazer bonito nas categorias técnicas.
Contrariando a minha desinformação e consequente expectativa de que se tratava de um filme sobre o meio ambiente (minha visão do filme antes de conferi-lo e saber sua história, não me perguntem o porquê), O Impossível, que é inspirado em uma história (inacreditavelmente) real, narra o desfecho de uma família que vai passar as férias na Tailândia e que, após um violento tsunami, são separados, ainda que todos continuem vivos.
No elenco, temos a querida Naomi Watts, numa performance excepcional, uma das melhores dessa que é uma das intérpretes mais competentes e talentosas dos nossos tempos, mais uma vez numa atuação de deixar a gente boquiaberto. Maria, a personagem dela, é a que mais sofre no filme, em termos de gravidade do acidente. O tsunami agressivo praticamente destroçou a moça, que ficou com diversos ferimentos no corpo. Há cenas no filme que chegam a ser até desproporcionais e agônicas de tão extremas. De qualquer forma, a Naomi Watts está ótima no filme. Eu só acho que ela não é a principal do filme, mesmo que esteja presente nas sequências mais memoráveis do filme, o que torna a nomeação dela em Atriz Principal em vários prêmios um pouco injusto. Quem sabe se ela não tivesse sido candidatada em Melhor Atriz Coadjuvante não recebesse mais reconhecimento, e até um Oscar, quem sabe?
Ewan McGregor também está ótimo, assim como Tom Holland, revelação do filme no papel do filho mais velho do casal, Lucas. Geraldine Chaplin, a filha de Charlie Chaplin, também faz uma pequena aparição no filme como uma senhora sobrevivente, numa cena que eu acho belíssima e bastante interessante, onde ela começa a conversar com os dois filhos mais novos do casal, e diz que "algumas estrelas já morreram, mas elas brilharam tão intensamente que continuam visíveis e brilhando no céu". Eu acho essa curiosidade linda.
Também não são poucos os elogios a Juan Antonio Bayona, diretor do filme (o mesmo que dirigiu O Orfanato). Que direção é essa? Puxa vida, sensacional! O cara realmente sabe dirigir. O que dizer daquela cena impecável do momento do tsunami, com a mãe e o filho combatendo a correnteza? Rapaz, é de deixar a gente sem ar. Eu tiro o chapéu para Bayona, sinceramente.
O Impossível termina e a gente sente como se nós tivéssemos presenciado o tsunami, e vivido todo aquele terror e agonia, o medo e a tensão. É perturbador. Mas, é claro, a gente precisa ter esperança. É essa história que faz a gente ver e perceber que nem tudo que parece não ter solução está perdido. Pela humanidade, pelo impacto, pela fidelidade, pela emoção, pela realidade, pela minuciosidade, pela dedicação, O Impossível é um filme que vale a pena. Impressionante!
O Impossível (Lo imposible / The Impossible)
dir. Juan Antonio Bayona - ★★★★
Nenhum comentário:
Postar um comentário