segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Crítica: "SELMA - UMA LUTA PELA IGUALDADE" (2014) - ★★★★★


Lindíssimo. Uma grande jornada, um grande filme. Não é surpresa que Selma tenha demorado tanto para sair do papel, pois já filmar a vida de alguém como Martin Luther King Jr. é de tamanha ambição quase inimaginável (ou não?) para se retratar no cinema. No entanto, Ava DuVernay soube conduzir perfeitamente a película como ninguém poderia fazê-lo. Só duas pessoas, fora Ava, poderiam filmar Selma na minha mais constante opinião: Steven Spielberg (estabilidade) e Spike Lee (originalidade). Esses dois diretores habilidosos fariam uma dupla incrível se dirigissem esse filme juntos. Ou um trio, com Ava, que soube combinar atentamente as qualidades anteriores com certa inovação, algo que pode ser bem arriscado para alguém com pouquíssima experiência no meio cinematográfico, o que a leva ter um reconhecimento merecido. 

A ideia me deixou um pouco entusiasmado. Principalmente agora, onde o racismo e a escravidão são os temas que mais compram público e crítica na atualidade. E pelo contrário do que se pensa, essa evolução é boa. É preciso citar 12 Anos de Escravidão, último vencedor do Oscar de Melhor Filme. Foi a hora certa para a estreia de Selma, sucedendo o filme de mais êxito do ano passado ao de seu lançamento. E não poderia vir em melhor hora. 

Quem não estava esperando uma (grande) cinebiografia de Martin Luther King Jr.? Até Clint sustentou a ideia por algum tempo, mas optou por algo bem menos americano depois do sucesso de A Troca, filmando (por sinal, belo) Invictus. E quem estava esperando até agora por esta tão aguardada cinebiografia, sem concordar ou não, pôde sentir um gostinho de contentamento no the end. É difícil filmar uma cinebiografia, e essa é uma das razões para o atraso desta. O gênero exige bem mais do que os outros. É compreensível. Mas quanto ao resultado: é excelente. Quase nunca filmes deste tipo falham, e se falham, ainda são salvos pelo elenco e/ou equipe técnica. Sempre. 

Aqui, temos dois talentos fulminantes (esnobados ao Oscar), David Oyelowo e Carmen Ejogo em atuações profundas e marcantes. Ambos ganharam minha aprovação quanto ás suas respectivas interpretações. DuVernay igualmente aprovada, dona de uma competência harmônica. A trilha sonora, aquietou a alma daqueles enfeitiçados pelo clima de tensão constante apresentada em algumas cenas rigorosas. A fotografia, sem palavras. Não há motivos existentes para tanta esnobação no Oscar 2015. Melhor Filme e Melhor Canção Original (de apelo!)? É inacreditável que de todas as categorias que merecia estar tenha aparecido justo nestas duas. E olha que Selma é um filme pra lá de óscariano. Vai entender. Pelo menos, o Globo de Ouro o reconheceu nas categorias adequadas. Independente desses pequenos detalhes que envolvem Selma em algumas polêmicas questionáveis, o drama é um dos melhores feitos no ano passado e ecumenicamente impecável. Equilibradamente fiel e meticulosamente sensível, o filme mais recheado de humanidade e caráter da temporada é inquestionável em sua atenção ao cuidar de algo tão necessitado de visão e autoridade. Selma - Uma Luta pela Igualdade foi indicado ao Oscar em Melhor Filme e Melhor Canção Original.

Selma - Uma Luta pela Igualdade (Selma)
dir. Ava DuVernay - ★★

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