segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Crítica: "SNIPER AMERICANO" (2014) - ★★★★


Sinceramente, não vejo o por que de implicar com o patriotismo de Clint Eastwood. O que salvaria a obra toda dele senão seu patriotismo? Que mania. Deixa o tio Clint viver a vida em paz, estampando bandeiras americanas nos posters de seus filmes. Ouvi (e vi) muita gente criticando sua mais recente obra-prima. Sniper Americano é maravilhoso. Mais um filme de destaque para a carreira de Eastwood, um professor de história que a cada aula torna-se mais eficiente e vitorioso. Para aqueles que se "enojaram" de Sniper Americano, apenas saibam que não viram nada para alguém que já dirigiu outras obras bem mais pesadas do que estas, como Os Imperdoáveis e J. Edgar. De fato, é controverso e apológico, mas seu significado vai bem além destas proporções preconceituosas dos espectadores dele.

Chris Kyle é o maior franco-atirador do exército americano de todos os tempos. O "mito" da Guerra do Iraque, Kyle matou mais de 150 pessoas dentre crianças e mulheres durante sua jornada no Oriente Médio. No filme, ele é um herói. Capaz de atropelar a própria família para salvar sua honra, Kyle é um mito, talvez, questionável. Não é possível que tudo no filme seja real. É bem provável que o tio Clint ajudou com um pouco de ficção para quebrar a imoralidade do personagem e da história. 

Sniper Americano, para muitas pessoas, pode ser uma completa confusão. Pra mim, foi fácil compreende-lo por que a experiência que ao público é mostrada já foi vista em muitos outros filmes, não só de Clint. Quem conhece o cineasta de perto vai se lembrar (sim) de Gran Torino. Não vejo muita diferença entre esse sniper americano com o ranzinza e frio veterano da Guerra da Coréia memoravelmente interpretado pelo diretor em 2008. Há cenas que me lembraram muito Guerra ao Terror, apesar do drama de Katheryn Bigelow ser bem mais profundo e amplificado do que este quando o assunto é "falar da guerra".

Aliás, há quem diga que Chris Kyle é só mais um personagem assemelhável a todos os outros mais de filmes anteriores dele: Frankie Dunn em Menina de Ouro; Will Munny em Os Imperdoáveis; J. Edgar em J. Edgar; Jimmy em Sobre Meninos e Lobos; Todos os filmes de Clint tem um pouquinho (e um tantão) de patriotismo. E só alguém bem pobre de conhecimento sobre ele para dizer que Sniper Americano é uma película inferior. De modo algum. 

Se alguém aqui que merece ser reverenciado e aplaudido por seu trabalho é Clint. E Bradley, afinal, ser indicado pela terceira vez consecutiva ao Oscar não é para qualquer um. Bradley Cooper é um dos atores mais badalados dos últimos tempos. Desde sua indicação em 2013 por O Lado Bom da Vida, o mesmo conseguiu outras duas até agora: Ator Coadjuvante por Trapaça e novamente Ator Principal por Sniper Americano. Mesmo tendo tomado o lugar pertencente à David Oyelowo (Selma) ou Jake Gyllenhaal (O Abutre), o desempenho de Bradley neste drama é igualmente impecável se comparado às duas performances citadas acima. 

Além de responsabilidade, Bradley mostra certa maturidade e envolvimento neste filme mais do que os outros dois pelos que recebeu suas duas primeiras indicações ao Oscar. Esforçado e digno, Bradley é insuperável neste filme. Sienna Miller também tem seus momentos como coadjuvante, mas não chamou minha atenção tanto quanto Bradley. 

Clint e o roteirista Jason Hall se esforçam para manter fiel o filme à vida de Chris Kyle. Não tive a oportunidade de ler a autobiografia que baseou a película, à venda na Livraria Cultura, por isso, não posso realmente dizer que tudo o que foi apresentado em Sniper Americano é o que realmente aconteceu, mas como já falei antes, a presença de elementos ficcionais aqui é basicamente existente. Se fosse uma ficção, talvez não gerasse tanto conflito quanto gerou. Mas a questão aqui, o que ainda quase ninguém principalmente conseguiu perceber, não é a moralidade que muitos buscam sem vitória, mas sim o retrato da influência e a natureza da guerra na vida das pessoas que atentamente acompanharam o doloroso e triste 11 de setembro. Mas, se no fundo a reflexão surgir: não foi algo justo o feito dos americanos contra os terroristas? Afinal, vamos lá Beatrix Kiddo: "a vingança é um prato que se come frio". A maioria das pessoas ignora essa possibilidade e apenas encaram a consequência como dado. É recomendável conhecer um pouco sobre a história realantes de assistir ao filme, que além de proporcionar instantes de tirar o fôlego, quão perplexos, ainda é uma instigante aula de história. E Clint, mais uma vez, mantém seu legado e importância para o cinema.

Sniper Americano foi indicado ao Oscar em Melhor Filme, Melhor Ator (Bradley Cooper), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição, Melhor Mixagem de Som e Melhor Edição de Som.

Sniper Americano (American Sniper)
dir. Clint Eastwood - 

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