quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Crítica: "VIOLÊNCIA GRATUITA" (2007) - ★★★★


Louco. Obsessivo. Gratuito. Violência Gratuita é assim. Pode ser traduzido para a sensação mais eufórica em pouquíssimas palavras, isto por que trata-se da análise da refilmagem do mesmo filme de 1997. Tudo bem que é um remake, mas desde que seja escrito e dirigido pelo mesmo autor da versão original, aqui Michael Haneke, que depois de dez anos do lançamento de uma de suas obras mais cordiais, decidiu revendê-la ao público com um elenco americano, é totalmente aceitável.

Confesso que Violência Gratuita me superou. Só pelo elenco, Naomi Watts, Tim Roth e Michael Pitt, já tinha uma noção do que seria, mas não pensei que Michael levaria tão á sério a questão da "fidelidade", entende? De qualquer forma, Violência Gratuita é uma das melhores refilmagens que eu já vi, sem medo e sombra de dúvida. Todo o impacto que envolve a trama de 1997 é presente, reprodução magnífica! Não irão se surpreender muito com relação ao que é contado, por que a história, pra quem assistiu ao original, é a mesma, em tudo, até nas cenas, nos detalhes das cenas, com pouquíssimas (mesmo) mudanças. Na verdade, pra ser bem sincero, os dois filmes são idênticos. É quase surreal. É claro, trabalhos vindos de um mestre incomparável como Haneke, não há como duvidar da excelência. 

Achei que nessa refilmagem do suspense austríaco para o cinema americano, Michael poderia aproveitar a oportunidade e colocar Isabelle Huppert, sua musa, no papel principal, o que eu acharia esplêndido. Naomi, no entanto, conseguiu encantar aqui como protagonista solenemente. Ela e Tim Roth. Ela, Tim Roth e Michael Pitt. Estão todos bravíssimos. 

E pensar que esta história poderia acontecer a qualquer um em qualquer lugar... É uma coisa esquisita, e ao mesmo tempo, carente de perspectiva: os dois jovens, aparentemente do nada, instalam um pânico viral contagioso. E no final de tudo, Violência Gratuita espelha mais uma vez a grandiosidade da obra de Haneke e sua genialidade cinematográfica. De tudo, acharia que este, de 2007, não funcionaria se não fosse por ele. Mas isso questiona, afinal, se tivéssemos nas mãos uma obra-prima valiosa e inteligente que no lançamento não teve reconhecimento suficiente, não poderíamos muito bem refilmar cena por cena, diálogo por diálogo, mudando apenas os atores? Esperto foi Haneke. Sete milhões a mais rende bastante. Resumindo: é a tradução de uma bem-feita, mas subestimada, obra-prima. E o mais audacioso desta versão se encontra justamente na proposta de refilmar quadro a quadro o anterior, com um sucesso tão extenso quanto.

Violência Gratuita (Funny Games)
dir. Michael Haneke - ★★★★½

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