quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Crítica: "TRAPAÇA" (2013) - ★★★★


Intento que o título de Trapaça, traduzido literalmente do inglês, me atraiu bastante. Farsa Americana ou Fraude Americana talvez pode até não mudar tanto, mas soa bem. Por isso, quero tratar de Trapaça como American Hustle, já que "discordei" do título oficializado pelas produtoras brasileiras aqui no Brasil. Assisti o último filme de David O. Russell exatas seis vezes. A primeira foi em dezembro de 2013, e a última, neste ano. E no final, gostei da comédia, mesmo que muitos já tinham me advertido que a mesma resumia-se em "sem-graça", "baixo" e "irrelevante". Gostei do elenco, gostei da direção, gostei da caracterização (o que na minha opinião é o melhor). Gostei de tudo. Tive que contrariar as opiniões de fracasso e abraçar os elogios. Esse disco misturado com jazz, e as cores vivas me deixaram enfeitiçado. Resumindo: American Hustle é um filme embriagador.

Amy Adams e Christian Bale formam um casal como nenhum outro. A bela e sexy dama e o gordo e romântico vagabundo. É lógico, dando uma ênfase à poderosa transformação de Bale, velho coadjuvante de O Vencedor, em Irving Rosenfeld, cuja merecia, se não fosse por Matthew McConaughey em sua desoladora atuação dramática em Clube de Compras Dallas, uma vitória no Oscar. Adams também se deu bem, com suas Sydney e Edith, que tanto me apaixonaram. Jennifer Lawrence estava fantástica, como de costume. Claro, a segunda parceria da atriz com David O. Russell implicou em algo bem mais maturo do que O Lado Bom da Vida ao colocá-la na personagem de Rosalyn, uma vulgar desvairada atrevida que apela para uma vilã insolente. Eu até poderia pensar, se fosse aprofundar mais uma expectativa prévia do filme, que Lawrence não se sairia bem, e eu com certeza me enganaria. Bradley também ganhou minha aprovação. Há momentos de conflito em que seu personagem "viaja" na proporção da estabilidade e da razão, cenas das quais surgiram os instantes mais espetaculares do épico. Ou seja: o elenco está de parabéns.

David O. Russell e Eric Warren Singer são autores de um roteiro complexo e cativante, a base do filme. Qualquer caso, quem tiver a oportunidade de ler, é só pesquisar a cópia legal em pdf disponível do filme online. De forma certa, será bem experiencial lê-lo, intencionalmente os diálogos, onde instala-se um clima onipresente de tensão e ao mesmo tempo humor, o que simbolicamente é reproduzido no filme. Quem prestar a atenção, vai conseguir codificar. 

Em American Hustle, nem a fotografia (belíssima) e nem a trilha sonora (sublime) receberam o prêmio de destaque, mas sim, dois outros elementos técnicos essenciais para a montagem do clímax romântico: a direção de arte e os figurinos. Detalhes profundos e sensíveis que o transforma num clássico instantâneo, e afinal, por que não? Não vi motivos para discordar da oração. American Hustle é um trabalho de arte excelente, exercido com uma maestria singular da parte de Russell em seu melhor filme até agora, uma surpresa para alguém como eu que só o tinha visto até O Lado Bom da Vida: uma fase criativa, porém extremamente limitativa. Muito bom. Tremendamente bom. Recomendo. Reassistível.

Trapaça (American Hustle)
dir. David O. Russell - ★★★★

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