sábado, 23 de julho de 2016

Crítica: "É O AMOR" (2015) - ★★★★


Minhas férias esse ano passaram voando. Só tenho a semana que vem para aproveitar e descansar e depois voltarei à ativa. Não sei se conseguirei assistir tudo o que eu estava planejando ver em uma semana, mas, enfim, o bom é que ainda tenho um tempinho para relaxar antes de retornar à rotina. Sinto que não fiz absolutamente nada de novo nessas férias. Tive um tempo pra descansar e ver alguns filmes que queria, mas eu sinto que passou muito rápido. Não queria que fosse desse jeito, tão passageiro e fugaz. Mas, como sempre, a vida continua, e lamentar o tempo perdido não adianta em nada. Bem, foi ontem à noite que me deparei com esse trabalho peculiar, embora fascinante, do pouco conhecido cineasta francês Paul Vecchiali. Aliás, É O Amor é o 1º filme de Paul que vejo. Confesso que achei um filme interessantíssimo e com uma trama fértil e deliciosamente sensacional. 

O filme trata de sentimentos, de personagens com problemas amorosos bem como o medo, a insatisfação, o desejo e a peculiaridade que habita em cada um deles. É um filme intrigante, de percepção aguçada, olhar próprio e distinto. O cinema de Paul Vecchiali é sui generis, inédito, e ao mesmo tempo estratégico e complexo. Uma coisa é certa: Vecchiali merece atenção e respeito. É O Amor é repleto de cenas absurdamente marcantes e originais. O elenco é talentosíssimo, cada performance digna de nota. É O Amor é um filme basicamente essencial à sua maneira. Esquecê-lo ou simplesmente ignorá-lo seria quase um crime. 

O filme começa com uma sequência aparentemente trivial, um diálogo entre um homem e sua esposa que estão em crise. A discussão que os dois mantém logo vai se intensificando mas não de maneira agressiva ou espalhafatosa, e sim num diálogo de ritmo constante, invariável. Quase não se nota alteração na voz dos atores, mesmo quando a mulher diz ao marido que desconfia que ele a esteja traindo, como se ambos já tivessem passado por aquele momento, repetidamente e várias vezes. Ela diz que começará a trai-lo com outro homem, e sua reação é imutável. Um diálogo bastante esquisito e inerente, pra ser franco.

Comédia romântica? Comédia dramática? É difícil encaixar É O Amor em um gênero. O que por si só já explica o motivo deste ser um filme tão exótico, inusual, único. Por mais incrível que pareça, é um filme bastante cativante e por vezes engraçado. Tem até um segmento musical, vejam só, que acaba sendo uma das melhores cenas do filme (a mãe boêmia de Odile relembrando os velhos tempos como cantora de cabaré e suas aventuras amorosas). 

O título do filme já diz tudo. O amor nos consome, nos alegra e nos entristece, nos machuca e nos salva, brinca com o nosso coração, mexe com a nossa cabeça, bagunça os sentimentos e a nossa vida. É o amor. O amor faz tudo isso com a gente e muito mais. É O Amor explora esse lado selvagem e incontrolável do amor, de bagunçar com a nossa vida e abalar as nossas certezas. Não chega a ser romântico. É sobre amor, afeto, sentimento, o quem nem sempre chega a ser romântico. 

Uma experiência única é assistir a É O Amor. Um filme diferente, notório, peculiar, e que transmite um estranho misto de curiosidade e surpresa em quem vê. Inesperado, digamos, mas agradável e fantástico. Um exemplar autêntico de cinema de qualidade. Paul Vecchiali também dirigiu Noites Brancas no Píer, que chegou aos cinemas ano passado no Brasil. Ainda não vi, mas pelo que disseram na época do lançamento parece ser um filmaço.

É O Amor (C'est l'amour)
dir. Paul Vecchiali - 

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