Godard tem uma filmografia tão extensa (isso contando com longas, curtas, filmes que não foram lançados nos cinemas...) que é preciso ir vendo aos poucos seus trabalhos para ir se aprofundando e reconhecendo o estilo e a marca desse mestre genial.
Meetin' WA (Meeting Woody Allen ou Encontrando Woody Allen, tradução para o português) é fascinante. Godard foi visitar seu amigo Woody Allen pessoalmente em Nova York a convite do diretor, e aproveitou para gravar esse curta que consiste numa entrevista de Godard a Woody. Como poderia se prever, o resultado é excepcional. Dois mestres em tela, conversando e discutindo sobre cinema e afins é uma coisa maravilhosíssima de se ver.
Interessante notar como o Woody Allen é modesto. No começo da entrevista, ele diz que é grato à imprensa, porque a mesma tem sido muito generosa com ele, mais do que deveria. Mais à frente, ele ainda comenta que gosta de seus filmes quando surge a ideia de fazê-los, quando está no papel, mas assim que ele começa a rodar, perde-se a graça e a qualidade do material para ele. Woody sempre foi um pessimista, mas a modéstia, quase irreal, é algo totalmente novo pra mim. Seria a consequência do negativismo de Woody?
Outra coisa bastante curiosa é que Woody classifica seus filmes como se fossem derivações de romance. Quando ele comenta sobre Hannah e Suas Irmãs, ele diz que o filme foi escrito na estrutura de um romance. E, se a gente for analisar de perto, os trabalhos de Woody tem uma raiz mais literária do que cinematográfica mesmo, como ele mesmo chega a descrever.
Em outro momento, Woody confessa que acha que é um crime os jovens terem acesso ao cinema através da televisão, e cita grandes trabalhos como 2001: Uma Odisseia no Espaço, O Diabo a Quatro e Cidadão Kane, que deveriam ser vistos obrigatoriamente nos cinemas. Ele também revela, em outra sequência inspirada da entrevista, seu fascínio em ir ao cinema, que antigamente costumava ser um lugar bastante luxuoso, e que se sentia triste quando o filme acaba, e ele era obrigado a voltar à realidade.
Interessante notar como o Woody Allen é modesto. No começo da entrevista, ele diz que é grato à imprensa, porque a mesma tem sido muito generosa com ele, mais do que deveria. Mais à frente, ele ainda comenta que gosta de seus filmes quando surge a ideia de fazê-los, quando está no papel, mas assim que ele começa a rodar, perde-se a graça e a qualidade do material para ele. Woody sempre foi um pessimista, mas a modéstia, quase irreal, é algo totalmente novo pra mim. Seria a consequência do negativismo de Woody?
Outra coisa bastante curiosa é que Woody classifica seus filmes como se fossem derivações de romance. Quando ele comenta sobre Hannah e Suas Irmãs, ele diz que o filme foi escrito na estrutura de um romance. E, se a gente for analisar de perto, os trabalhos de Woody tem uma raiz mais literária do que cinematográfica mesmo, como ele mesmo chega a descrever.
Em outro momento, Woody confessa que acha que é um crime os jovens terem acesso ao cinema através da televisão, e cita grandes trabalhos como 2001: Uma Odisseia no Espaço, O Diabo a Quatro e Cidadão Kane, que deveriam ser vistos obrigatoriamente nos cinemas. Ele também revela, em outra sequência inspirada da entrevista, seu fascínio em ir ao cinema, que antigamente costumava ser um lugar bastante luxuoso, e que se sentia triste quando o filme acaba, e ele era obrigado a voltar à realidade.
Entre um trecho e outro dessa entrevista preciosa, Godard faz o uso de intertitles com um jazz gostoso ao fundo. Woody discute sobre a televisão, sua paixão pelo cinema, memórias de infância, e seu filme Hannah e Suas Irmãs, na época (1986) seu lançamento mais recente. No ano seguinte, Woody teve uma pequena participação em um filme de Godard, o brilhante Rei Lear.
Tive de me contentar em ver o filme sem legendas no Vimeo, mas até que deu pra entender algumas coisas. Só foi complicado quando Godard questionava Woody em francês (que sempre reagia com uma cara de "ué") mas depois uma tradutora repetia a mesma frase em inglês. O filme também está disponível na plataforma Dailymotion.
Uma pena que uma entrevista tão deliciosa assim dure tão pouco.
Uma pena que uma entrevista tão deliciosa assim dure tão pouco.
dir. Jean-Luc Godard - ★★★★
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