sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Crítica: "SEXY BEAST" (2001) - ★★★★



Irônica a minha relação com os filmes de Jonathan Glazer. Sexy Beast, seu primeiro longa-metragem, é o último que vi dos três trabalhos dele até a data, enquanto Sob a Pele, seu filme mais recente, foi o primeiro que vi. Mas o meu favorito é o do meio, Reencarnação. Sexy Beast, este aclamado thriller que lançou Glazer no cinema (antes ele era mais conhecido como diretor de clipes musicais) é um filme ótimo, bastante interessante, mas é o que eu menos curti dentre os outros dois já citados da filmografia dele.

Entretanto, o filme tem sua importância. Provavelmente é a mais “compreensível” das três produções de Glazer. Sexy Beast segue uma linha narrativa estrutural e abrange recursos mais usuais, convencionais, óbvios e, quanto a esse ponto, não é tão complicado de se entender caso comparado a Reencarnação ou Sob a Pele, seus dois filmes seguintes, que apresentam um certo grau de complexidade em suas narrativas (em especial o último, que chega a ser, em certos momentos, até surrealista e metafísico). O curioso é que esses dois trabalhos são justamente superiores a Sexy Beast.

É claro, o que esses três filmes têm em comum? A direção excepcional e exótica de Jonathan Glazer. Aliás, uma certa sequência de Sexy Beast, uma bem perto do fim, que intercala uma cena brutal de assassinato com uma outra cena um pouco estranha em uma sauna em Londres é tão bem editada e dirigida que a gente fica paralizado, chocado. Talvez seja a melhor cena do filme todo.

Ben Kingsley está fenomenal. Uma das performances mais notórias e excelentes da carreira do ator. Em Sexy Beast, Ben interpreta um cara da máfia que vai fazer visita para um mafioso aposentado na Espanha, a convite de um novo “trabalhinho sujo”. Por outro lado, o homem aposentado (interpretado eximiamente por Ray Winstone) não quer mais saber desses trabalhos, e quer definitivamente estar livre de tudo relacionado ao seu passado na máfia – o que, logicamente, enerva o personagem instável e explosivo de Kingsley – embora o desfecho aponte para uma outra direção;

Achei que gostaria mais de Sexy Beast. É um filme com várias cenas ótimas, mas que frequentemente me cansou e fadigou, embora tenha uma duração apressada de um pouco menos de 90 minutos (evidente surpresa para um filme de ação/máfia). Entre os méritos técnicos do longa, estão a edição preciosíssima, a fotografia saturada e energética e a trilha sonora imprescindível de Roque Baños.

Sexy Beast
dir. Jonathan Glazer - 

4 comentários:

  1. O ponto principal do filme é a interpretação de Ben Kingsley.

    Existe uma história de que ele se baseou em seu próprio avô para criar o personagem. Se isto for verdade é provável que até hoje ele tenha pesadelos com o sujeito.

    Abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Então, Hugo, eu li algo sobre essa inspiração na figura do avô dele no IMDB, mas achei que fosse um boato. Depois que vi o filme, fui atrás dessa história e, do jeito que o personagem é sinistrão em tela, imagine na realidade?

      Kingsley é um ator fenomenal. Ele raramente desaponta. Mesmo em filmes menores como Learning to Drive (2014) ou Fatal (2008), ambos da diretora espanhola Isabel Coixet, ele está fabuloso.

      Abraço, Hugo!

      Excluir