sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Crítica: "ALGUÉM TEM QUE CEDER" (2003) - ★★★★


Aquele momento em que você não consegue segurar o sorriso quando vê Diane Keaton e Jack Nicholson se beijando em Alguém tem que Ceder, essa comédia romântica amável que adocicou a minha quinta. Trata-se de um filme que vai além das expectativas. De uma forma ou de outra, ele acaba surpreendendo o espectador e nos brindando com uma história de amor bonita, sofisticada e inesperadamente emocionante. Excelente. Exuberante. Inesquecível. 

Erica é uma dramaturga de sucesso cuja filha, a jovem Marin, é namorada de um proprietário de uma produtora musical de rap, Harry, que tem preferência em namorar mulheres mais jovens, que nunca passam dos 30 anos. Harry e Marin vão para a casa de praia de Erica, sem saber que ela também está indo para lá. Eles tem um encontro repentino, mas todos decidem ficar para aproveitar a ocasião. Numa noite após jantar, Harry sofre um ataque cardíaco e é levado às pressas ao hospital, onde passa alguns dias. Retornando à casa de praia, ele fica sob os cuidados de Erica. Eles não se dão muito bem, mas passam a se conhecer melhor com o tempo. Em um certo ponto, eles revelam estar apaixonados um pelo outro.

Ai, eu nem sei dizer o quanto esse filme mexeu comigo. Aliás, eu também não consigo definir aquilo que mais me tocou aqui, seja nas performances maravilhosas de Diane Keaton (indicada ao Oscar em 2004) e Jack Nicholson e seus respectivos personagens estupendamente construídos, a história com appeal romântico, as cenas sempre cheias de vida e beleza, os diálogos fascinantes. Puxa... Alguém tem que Ceder é inegavelmente delicioso de se assistir. 

Aconteceu algo bastante parecido, ainda que o impacto emocional não tenha sido da mesma forma que aqui, em O Amor Não Tira Férias, que eu vi recentemente, também dirigido/escrito pela Nancy Meyers. Embora muitos clamem que seus trabalhos são pobres de estrutura cinematográfica e acusados de irregulares, há um ponto positivo bastante considerável quanto a esses filmes: o modo como eles nos afetam emocionalmente, seja para nos fazer sentir bem com nós mesmos, ou refletir sobre como o amor transforma a nossa vida de uma tal maneira que só a identificação do público com esses trabalhos românticos explica.

Nancy explora de forma convencional e criativa os conflitos da idade e os contrastes entre os personagens e as relações amorosas que se instalam, e como esses relacionamentos dizem muito a respeito de suas personalidades e seus sentimentos fragmentados, e fazem com que o espectador se solidarize com cada um deles e encontre, de certa forma, identificação. O filme termina de maneira bastante satisfatória pra quem torce para o amor entre Erica e Harry, mas de certa forma há uma sensação de que o destino do personagem de Keanu Reeves, o médico que cuida de Harry, fica um pouco incompleto, injustamente vago. Ademais, o roteiro de Nancy Meyers é excepcionalmente bem escrito. Ela é, além de uma diretora formidável, uma roteirista impecável. E, muito provavelmente, Alguém tem que Ceder é seu melhor filme.

Alguém tem que Ceder (Something's Gotta Give)
dir. Nancy Meyers - 

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