sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Crítica: "O QUE ESTÁ POR VIR" (2016) - ★★★★★


2016 está acabando, mas ainda tem muito filme pra ver. O legal é que esse ano veio recheado de estreias importantíssimas e trabalhos cheios de toque e classe. Não arriscaria dizer, so far, que 2016 está sendo um ano cinematográfico melhor que 2015, mas, quanto mais a gente vê, mais a gente fica comparando e vendo que as estreias de 2016 estão tendo um maior impacto, mais difusão, aclamação, do que alguns outros filmes de 2015, que foi um ano cinematográfico marcante, principalmente pelos lançamentos de grandes obras que serão lembradas por muito tempo. 

O Que Está Por Vir é um dos maiores destaques de 2016. Em fevereiro, o filme foi elogiadíssimo no cultuado Festival de Berlim, onde a diretora do longa, Mia Hansen-Love (a mesma que dirigiu o sucesso cult Éden) conquistou o Urso de Prata de Melhor Diretor. Desde então, o filme têm chamado a atenção dos críticos e cinéfilos, que de motivos para contemplar esse filme tão maravilhoso estão cheios. E grande parte desse sucesso de O Que Está Por Vir diz respeito à atriz das atrizes, Isabelle Huppert, protagonista do drama, que guarda uma de suas performances mais profundas e relevantes, mais uma atuação deslumbrante que a intérprete francesa nos apresenta esse ano, antecedida pela radiante interpretação dela em Elle, de Paul Verhoeven, até agora o melhor filme de 2016 pra mim – e O Que Está Por Vir não fica atrás não, hein.

No filme, Isabelle vive Nathalie, uma professora de filosofia que está atravessando um momento bastante delicado de sua vida. Seu marido se apaixonou por outra mulher e decide consumar o inesperado divórcio, e sua mãe, uma mulher debilitada, é internada em um asilo após uma tentativa de suicídio. O destino conturbado de Nathalie a leva a refletir sobre os acontecimentos do mundo ao seu redor.

O filme exige bastante da performance de Huppert porque basicamente a performance é a base da trama e do filme em si. Não consigo pensar O Que Está por Vir seria sem a atuação magnífica dela. O poder que Isabelle ostenta de incorporar suas complexas e intensas personagens de maneira tão densa, original, hipnotizante e estremecedora é algo completamente diferente de qualquer coisa que se possa ver na tela do cinema. É um espetáculo impressionante de faces, diálogos concentrados, debates filosóficos à flor da pele e frescor cinematográfico.

Com um filme tão gradual assim como O Que Está por Vir, Mia Hansen-Love prova seu talento por trás das câmeras e a capacidade fervescente de comandar o elenco e fazê-los emergir em uma história que reúne metáforas sobre a vida, meia idade, reflexão, família e conexão humana. Por isso, não aconselho ninguém a perder um filme tão importante e colossal como este.

O Que Está Por Vir é marcado por muitos momentos de glória dramática e inspiração narrativa. Certamente fica entre os melhores filmes de 2016. Isabelle Huppert, lenda do cinema francês, brilha neste conto potente em mais um papel desnorteante, daqueles de nos deixar boquiabertos diante do talento magistral da mulher, que parece nunca se cansar de nos surpreender e encantar com suas personagens absolutamente extraordinárias e interpretações brilhantemente conduzidas.

O Que Está por Vir (L'avenir)
dir. Mia Hansen-Love - ★★★★★

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