quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Crítica: "A QUALQUER CUSTO" (2016) - ★★★★


Ainda não é oficial, mas estou de férias. Agora a missão é focar nos filmes que estão para serem vistos (que não são poucos, admito) e também prestar atenção na temporada de premiações. Segunda-feira serão revelados os indicados ao Globo de Ouro, uma dos reconhecimentos cinematográficos mais influentes, e entre as principais apostas está A Qualquer Custo, filme do cineasta britânico David Mackenzie que estreou no Festival de Cannes em maio e conquistou os críticos por lá e também nos EUA. Não à toa, o filme já recebeu inúmeros prêmios e está sendo cotado para, inclusive, o Oscar. 

De fato, é um filme completamente merecedor de atenção, ainda mais nesse ano, em que os Estados Unidos atravessaram uma eleição tão conturbada e cheia de reviravoltas, e esse filme é um retrato perfeito do que está acontecendo neste exato momento dentro dos campos político e econômico da maior nação do mundo. Em A Qualquer Custo (ou o título original mais preferível, Hell or High Water) dois irmãos, interpretados excepcionalmente por Chris Pine e Ben Foster (nas performances de maior destaque de suas carreiras), vivem assaltando bancos numa rotina trépida: assim que os bancos abrem pela manhã, eles começam a saquear (é tanto que o personagem de Foster brinca numa cena do filme: "Deus ajuda quem cedo madruga"). Na cola desses ladrões, estão dois policiais (Jeff Bridges e Gil Birmingham, que estão simplesmente impecáveis), que planejam uma emboscada para capturá-los. 

Enquanto alguns dizem que é um filme superestimado, outros fazem questão de enaltecê-lo como uma obra do cinema americano. A verdade talvez seja é que este filme não é nem um e nem outro. Não estou querendo tirar a razão daqueles que acham que este é um grande filme e dos outros que não, mas creio que A Qualquer Custo é um filme que foi feito para se refletir sobre a atual situação dos EUA, e seu poder se concentra justamente na sua proposta abaladora que indiretamente funciona como uma crítica ao sistema capitalista e à cultura americana. Por estas e outras razões, é um filme que vale a pena. Mas não se trata de um grande filme como muitos têm dito.

A Qualquer Custo é recheado de sequências inebriantes e de êxito fílmico, as atuações são impecáveis, o roteiro é uma delícia e a fotografia é esplêndida. Assim como é tematicamente forte e marcante, A Qualquer Custo é tecnicamente bem-executado. O capricho técnico vale ser ressaltado como um dos maiores méritos deste longa tão excelente e cheio de qualidades. 

A competência do filme também se revela nas cenas de ação, que são brilhantemente dirigidas e arquitetadas plausivelmente. As atuações potentes e as cenas dilacerantes provam o porque de David Mackenzie, diretor do filme, ter sido tão elogiado. A direção também é um ponto a mais para A Qualquer Custo. Taylor Sheridan, roteirista do filme Sicario, é quem está por trás do roteiro genial de A Qualquer Custo, que provavelmente o renderá uma indicação ao Oscar na categoria. 

Enfim, A Qualquer Custo demonstra que é um filme extraordinariamente importante e sua exibição faz-se necessária em tempos tão turbulentos nos Estados Unidos. É um filme sobre dois irmãos, dois policiais, uma nação, um sistema corrompido e um desfecho trágico. Uma crítica e reflexão sobre o impacto da transgressão capitalista nos tempos atuais. 

A Qualquer Custo (Hell or High Water)
dir. David Mackenzie - ★★★★

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