domingo, 2 de outubro de 2016

Crítica: "DEMÔNIO DE NEON" (2016) - ★★★★★


O primeiro filme de Nicolas Winding Refn que vi foi Apenas Deus Perdoa. Apesar de muita gente o considerar um de seus menores trabalhos, foi uma experiência inesquecível e estranhamente atordoante pra mim. Há algum tempo este ano, tive a oportunidade de conferir dois outros grandes filmes do diretor: o noir Drive (considerado pela maioria dos admiradores do cineasta e cinéfilos em geral seu melhor e mais famoso filme) e o espetacular Bronson, este um pouco menos popular que o anterior, embora excelentíssimo.

Demônio de Neon é o 4º filme dirigido por ele que eu vejo. É uma obra. Só perde para Drive, que continua sendo meu favorito supremo deste gênio cinematográfico. A cada filme dele que eu vejo, reforça-se a certeza de que ele é um dos cineastas mais importantes dessa geração. E Demônio de Neon é um de seus melhores, mais chocantes e bonitos filmes.

Estrelado pela beldade juvenil Elle Fanning, o filme narra a trajetória de uma jovem modelo do interior rumo ao sucesso e à fama como modelo na eterna cidade dos sonhos, Los Angeles. Enquanto todos ao seu redor estão atraídos e maravilhados pela sua imponderável beleza e inocência, aos poucos a jovem vai se dando conta dos perigos e das maldades que a cercam, e do lado negativo de ser bonita.  

Demônio de Neon é um olhar poderoso, obscuro, tentador, onírico, quase surrealista e ao mesmo tempo satírico, crítico, obsessivo sobre o impacto e a influência do mundo da moda nos dias de hoje e os padrões de beleza esculpidos pela sociedade e que transformaram a vida de várias jovens e mulheres em um verdadeiro terror.

A busca frenética e desenfreada pelo padrão ideal torna o sonho tão desejado em uma verdadeira caça animal – como o próprio desfecho do filme ironicamente sugere – de proporções desumanas e mortais. Neste mundo, mulheres são designadas como produtos da cobiça e do desejo, daquela que seria uma suposta “vida ideal” de uma sociedade atual. As jovens acabam se tornando vítimas das propostas sexuais e exigências carnais dessa convenção maligna.

Elle Fanning está absolutamente imperdível na pele da jovem Jesse. No entanto, a melhor do elenco é a Jena Malone, cuja atuação é sublime, assustadora, magistral, digna e eletrizante. Destaque para a aparição inesperada de Keanu Reeves e a rápida participação da Christina Hendricks, sem falar nas belíssimas Bella Heathcote e Abbey Lee, que estão extraordinárias.

Outra razão pela qual eu amei este filme é seu visual riquíssimo, sofisticado e sombrio. Demônio de Neon é um dos filmes mais visualmente impecáveis que eu vi esse ano, com certeza. Sua fotografia é uma coisa muito difícil de esquecer, deliciosa, cheia de energia, brilho e sangue. É uma coisa realmente linda, apesar de obscura. Natasha Braier é a diretora de fotografia de Demônio de Neon.

O filme resume-se a uma combinação de elementos visuais nada usuais, ainda que extremamente belos, que, além de embelezar, deixam a história mais cativante de se acompanhar e tenebrosa. É verdade que o estilo de Nicolas Winding Refn talvez afaste um pouco o público que não está acostumado (algumas sequências bizarras e polêmicas – como a cena de necrofilia ou a sequência final – talvez provoquem até repulsa), mas não há como negar que ele é, sem dúvida alguma, um gênio, e este é um filme brilhante.

Demônio de Neon é um filme forte, daqueles de deixar qualquer um boquiaberto, e por isso mesmo merece ser visto. É uma crítica multifacetada que ataca os abusos da indústria da moda e os padrões radicais impostos pela sociedade. As pessoas belas são as mais valorizadas, queridas, prestigiadas, cobiçadas. Mas nem tudo é o paraíso. A beleza tem seu lado ruim, como já foi descrito anteriormente.

A trilha sonora de Cliff Martinez, que conclui mais uma colaboração bem-sucedida com Winding Refn, arquiteta uma atmosfera de suspense e horror marcante, especial, arrasadora. O cara é um mestre das trilhas. A cada filme, uma trilha irresistível.

Estas são algumas dentre as outras mais razões para considerar Demônio de Neon não apenas um filme importante, mas também belo e essencial. É certamente uma obra, mais um exemplar fortalecido do cinema estiloso e potente de Nicolas Winding Refn. A beleza impera. “Beauty isn’t everything. It’s the only thing”.

Demônio de Neon (The Neon Demon)
dir. Nicolas Winding Refn - 

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Para mim, os filmes por que são muito interessantes, podemos encontrar de diferentes gêneros. De forma interessante, o criador optou por inserir uma cena de abertura com personagens novos, o que acaba sendo um choque para o espectador, que esperarava reencontrar de cara as queridas crianças. Desde que vi o elenco de O Demônio de Neon imaginei que seria uma grande produção, já que tem a participação de atores muito reconhecidos, Pessoalmente eu irei ver por causo do atriz Abbey Lee, uma atriz muito comprometida (pode ver os Melhores Filmes 2017 são uma ótima opção para entreter), além disso, acho que ele é muito bonito e de bom estilo. Não posso esperar para ver a nova temporada, estou ansiosa.

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