Essa semana me pegou de surpresa. As responsabilidades vão despontando e se apropriando cada vez mais de um significativo espaço da minha vida e tomando o lugar dos pequenos prazeres que cultivo. Mas há uma razão, afinal, para isso estar acontecendo. A semana está sendo extremamente exigente em diversos quesitos e a vida vem pregando peças e sustos em mim com uma frequência assustadoramente intrigante. Paranoia? Medo? Insegurança? O bom (provavelmente) é que o ano está acabando. 2017 promete muitas coisas novas. Entretanto, foco no presente. Ainda tem um longo caminho a ser percorrido. E escrever no blog torna-se mais e mais uma missão rara e complicada com o surgimento das responsabilidades que vão se apoderando de nossas forças, tanto físicas quanto mentais. Bem, vamos falar de algo que é motivo de alegria: Jovens, Loucos e Rebeldes, um filme recentemente visto que me encantou bastante por uma série de coisas.
É um dos primeiros filmes do gênio Richard Linklater, que dois anos após viria a dirigir Antes do Amanhecer, um de seus melhores e mais inesquecíveis longas, oriundo de uma fase mais descontraída de sua filmografia, ainda que tão potente e eloquente como qualquer outra. Já eram visíveis, lá atrás, traços marcantes que viriam a definir o estilo e o ritmo fílmico de Linklater. Popular e aclamado, Jovens, Loucos e Rebeldes marcou época. Não é o melhor filme do Richard (este posto, por sua vez, é ocupado por Antes do Pôr-do-Sol, e não me canso de repetir que é um dos meus favoritos de sempre), mas é um baita de um destaque, principalmente como um percursor do cinema independente norte-americano. Aliás, o próprio Linklater já é um veterano do cinema vanguardista e independente dos Estados Unidos.
O longa é basicamente sobre jovens, loucos e rebeldes. Ou melhor, a sociedade dos jovens, loucos e rebeldes. Em si, é um filme de pura descontração. O público se diverte, se identifica e se maravilha com as presepadas doidas do grupo de personagens que toma a conta da trama com alma subversiva e coração rebelde deste que é um trabalho excepcional.
As referências, o contexto crítico ao padrão de vida americano e às irregularidades do sistema escolar levemente tonalizam uma certa seriedade a uma história tão despretensiosa, natural e repleta de honestidade. Não dá pra negar que o filme é um estouro de tão bom. Além de tudo isso, é revolucionário, é importante, é tudo de bom. O elenco é formado por hoje astros renomados de Hollywood que na época ainda eram pivetes, como Milla Jovovich, Parker Posey, Adam Goldberg e Shawn Andrews, sem falar nas participações de Matthew McConaughey (all right, all right, all right) e Ben Affleck, ainda um completo desconhecido àquela altura. Até Renée Zellweger esteve no filme, como figurante (vejam só!). Quentin Tarantino revelou que este é um de seus filmes prediletos à Sight & Sound.
Brilhante. Imensamente brilhante. Richard Linklater conseguiu fazer um filme agradável de se ver, inspirador e universal. Os velhos tempos de escola que ninguém esquece. As aventuras do colegial, os amores da juventude, as festas malucas. Um retrato mais que convincente, impactante, emocionante das agitações da idade e a representação quase onírica de uma época decorada pela liberdade de expressão e pela redescoberta moral. Excelentemente bem-feito! Quanto à "sequência espiritual" Jovens, Loucos e Mais Rebeldes!!, estou doido pra conferir.
Jovens, Loucos e Rebeldes (Dazed and Confused)
dir. Richard Linklater - ★★★★★
É um ótimo retrato de época, extremamente verdadeiro e divertido.
ResponderExcluirPode-ser fazer uma comparação com "American Graffiti" de George Lucas, que era um retrato da juventude dos anos cinquenta.
Abraço
Certamente. Cheguei a assistir uma parte de American Graffiti há uns anos mas não vi todo. Linklater e Lucas são dois gênios. Fazem filmes como ninguém.
ExcluirAbraço, Hugo!