domingo, 13 de novembro de 2016

Crítica: "À PROCURA DO AMOR" (2013) - ★★★★


O que mais me surpreende é como eu sou vulnerável a comédias românticas feel-good mesmo que eu não seja tão apegado assim a esse estilo de filmes caso comparado a outras pessoas. Eu simplesmente não consigo resistir. E não foi nada diferente com À Procura do Amor, que é uma perfeita representação desse subgênero que eu tanto idolatro. Em tela, os talentosos astros de TV James Gandolfini (este foi seu último trabalho) e Julia Louis-Dreyfus interpretam um casal nesta amável crônica romântica de Nicole Holofcener, diretora da comédia de humor negro Sentimento de Culpa.

Acontece que este filme não apenas me pegou de surpresa como também me fez ficar completamente apaixonado por ele. Estou apto da minha vulnerabilidade já mencionada em linhas anteriores, e o quanto me convenço fácil com histórias de amor desse nível, porém fiquei tão apaixonado por esse filme que, eu não sei, seria capaz de dizer que me alegrou de tal forma capaz de embelezar o meu dia e fazer meu coração bater mais forte. É uma história de amor simples, modestinha, mas que me atraiu muito.

A personagem de Julia Louis-Dreyfus, uma massagista chamada Eva, conhece numa festa Albert, um sujeito divorciado que trabalha em um acervo televisivo e cuja filha está prestes a deixá-lo para ir para a universidade. Eva está passando pela mesma situação com sua filha, Ellen, que vai fazer faculdade em Nova York. Inesperadamente, Eva se apaixona por Albert. Nesse panorama, Eva também faz amizade com uma poetisa (Catherine Keener), que conheceu na mesma festa que se encontrou com Albert pela primeira vez. Uma espontânea coincidência irá unir esses três personagens.

Confesso que gostei mais de À Procura do Amor do que de Sentimento de Culpa. É um filme mais leve, suave, adocicado e digerível. Holofcener é uma grande promessa como roteirista. Ela, que se restringiu mais recentemente à produções televisivas, já demonstrou nas telonas que seu talento é o roteiro. Neste quesito, À Procura do Amor é estarrecedor. O roteiro é um dos pontos fortes dessa comédia romântica inesquecível, que também conta com as duas performances de ouro de Louis-Dreyfus (indicada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz, Filme Comédia ou Musical em 2014) e o saudoso Gandolfini (indicado ao prestigiado prêmio SAG na categoria de Ator Coadjuvante), em sua última grande e memorável interpretação.

A partir da segunda parte de À Procura do Amor, a trama fica mais acirrada com a revelação de uma estranha coincidência (vou parar por aqui pois, se eu for mais à frente, talvez eu dê corda a algum spoiler), o ponto-chave para o conflito central da trama. Daí, instala-se um impasse complicadíssimo de se resolver, quase impossível, para dizer o mínimo, de se concluir. Holofcener encontra uma solução irregular, mas que consegue contornar o problema de então dar ênfase à progressão de trama e justificar o caminho que os personagens tomam.

De certa maneira, o encerramento do filme deixa alguns pontos esclarecidos (o destino da personagem de Keener, diga-se de passagem, não é preenchido, e esse vazio pode incomodar a alguns espectadores mais detalhistas e que prezam pela observação minuciosa dos personagens e seus rumos), mas não dá pra negar que é satisfatório. O recurso da metáfora é usufruído com genialidade, e dá substância e carga à potente narrativa (o forte de Nicole Holofcener) em À Procura do Amor, uma comédia romântica de ouro. Ainda estou anestesiado de amor por esse filme maravilhoso.

À Procura do Amor (Enough Said)
dir. Nicole Holofcener - 

2 comentários:

  1. O grande acerto é a forma como é desenvolvida a relação entre o casal principal, mostrando as dificuldades de pessoas comuns de meia-idade em recomeçar a vida amorosa.

    Abraço

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    1. Falou e disse, Hugo.

      O filme me deixou tão emocionado, porque há uma síntese tão gostosa entre os personagens da Julia e do Gandolfini que simplesmente não há como resistir.

      Abraço, Hugo.

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