domingo, 6 de novembro de 2016

Crítica: "TERAPIA DE RISCO" (2013) - ★★★


Steven Soderbergh ameaçou ser este seu último filme como diretor. Bem, sei lá porque ele foi falar isso, mas não é verdade, visto que seu próximo filme, Logan Lucky já está em fase de pós-produção. O fato é que eu fiquei um pouco desapontado com Terapia de Risco. Esperava mais desse suspense sobre uma mulher deprimida que começa a tomar pílulas que só pioram sua saúde mental. Ao todo, não é um filme ruim. Uma trama instigante e que cria um clima que conspira a seu favor. O resultado peca justamente na satisfação. Seria pedir demais por um final mais bem feito? De uma forma ou de outra, é um exemplar de filme que desperdiça com a maior cara de pau a chance de ser um thriller repleto de reviravoltas fascinantes e um jogo de personagens e situações loucamente tenebrosas, ironicamente o exato contrário do que realmente acontece em Terapia de Risco, cuja resolução irregular está remotamente distante de tais expectativas, infelizmente.

Rooney Mara interpreta uma mulher cujo marido (Channing Tatum) acaba de sair da prisão. Inesperadamente, somos surpreendidos quando ela revela sofrer de depressão, algo que não está muito claro nos momentos iniciais do longa (uma pista extremamente importante sobre o desenrolar da trama confusa). Ela então conhece um psiquiatra (Jude Law) que a receita medicamentos hiper fortes e com uma série de efeitos colaterais. Nada melhora, e isso acaba afetando não só a ela mas também às pessoas ao seu redor. Seu marido é a primeira vítima de sua psicopatia, ou melhor: dos efeitos colaterais dos remédios que ela está tomando. 

A trama é bem construída, de fato. A reviravolta traz uma resolução curiosa. Mas há um vazio em Terapia de Risco. O filme termina, e esse vazio continua bem ali, a ser preenchido. Um filme tão rico em possibilidades desperdiçar a grande chance de ser um estouro é uma decepção do cacete. Estamos falando de Steven Soderbergh, um cara adorado e odiado por muitos com uma filmografia repleta de pérolas (e também de alguns títulos podres). Ele trazer um filme tão mediano assim, e dizer (mesmo que falsamente, gente) que é seu último poderia ser não apenas desmerecedor mas também um sinal de ingratidão. Mas como foi tudo desmascarado, olhemos para o outro lado.

A performance de Rooney Mara é excelente. Sua personagem ambivalente também merece menção. A cada filme que eu assisto estrelado por ela, mais me encanto com seu talento radiante e insuperável, e concretiza-se a certeza de que ela é uma das maiores intérpretes dessa geração. Sua atuação neste suspense bagunçado e multifacetado é o que o faz valer a pena, por isso devo dizer que esse desempenho é um presentão. Catherine Zeta-Jones, que anda meio sumida das telas, está ótima em todas as cenas que aparece, em especial uma de destaque. Jude Law interpreta aquele mesmo personagem certinho de sempre. Um ator tão bom se meter em personagens tão parecidos esteticamente é quase um crime. Por isso nem ouso dizer que me alegrei com sua atuação, por mais esforçada e eclética que seja. 

Terapia de Risco (Side Effects)
dir. Steven Soderbergh - 

2 comentários:

  1. A premissa que tenta criticar a indústria farmacêutica é interessante. A virada da história na segunda parte transforma o filme em um suspense comum.

    O resultado ficou abaixo do esperado.

    Abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Realmente. Dá pra perceber esse "ataque" à comunidade farmacêutica até por conta da forma como o filme trata o personagem do Jude Law. Mas a reviravolta enfraquece o filme. Como você, fiquei um pouco insatisfeito com os resultados finais.

      Abraço, Hugo!

      Excluir