Até compreendo que o filme tem umas bizarrices
malucas e absolutamente esquisitas, mas não entendo porque tanta gente diz ter
odiado Dente Canino. Certo, é um filme
estranho. Mas ruim? Ruim não. Eu acho que é um filme interessantíssimo, que
talvez soe um pouco abstrativo ou até mesmo sem gosto, mas que vai
amadurecendo na nossa mente à medida em que a gente vai pensando nele.
De uma forma geral, é um suspense excelente.
A tensão é inevitável, o choque é desconcertante. O terceiro longa-metragem do
cineasta grego Yorgos Lanthimos (quem eu conheci com a surpreendente obra-prima
The Lobster, que pra mim continua
sendo seu melhor filme) é um exercício cinematográfico cativante, que prende a
nossa atenção, e surpreende por ser chocante, maquiavélico e torturador ao
mesmo tempo.
Aos poucos, o filme ganha proporções de uma produção de terror, com direito a uma série de sequências estranhíssimas realmente
amedrontadoras, reforçando a tensão e o pânico. O elenco está soberbo. As performances são incríveis,
inacreditáveis de tão realistas e triunfais. É o filme mais impactante e
angustiante de Lanthimos, que cada vez mais vai deixando uma ótima impressão da
dimensão, da força estética e do poder fílmico de seus trabalhos. Dente Canino é um filme que, no mínimo,
merece ser visto. E, provavelmente, revisto. Interessante observar, mais uma
vez, as pequenas e maiores obsessões desse diretor brilhante de estilo feroz e
memorável, como os finais vagos, como aquele de The Lobster. Tão anti-conclusivo (no bom sentido).
O próximo filme desse grego excepcional, The Killing of a Sacred Deer, rodado em
inglês, tem no elenco Nicole Kidman e Colin Farell (que esteve em The Lobster). Esse promete. É esperar
pra ver. O lançamento está marcado para ano que vem, nos Estados Unidos, pelo
menos.
Dente Canino (Κυνόδοντας/Kynodontas)
dir. Yorgos Lanthimos - ★★★★
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