Uma mistura muito irregular de ação e suspense que termina caoticamente. Herança de Sangue (ou Blood Father, título original), que estreou no último Festival de Cannes fora da mostra competitiva, isto é, hors concours; traz Mel Gibson na pele de um tatuador cuja filha adolescente (dada como procurada pela polícia) está envolvida amorosamente com um traficante e, acidentalmente, se mete numa enrascada. Após um reencontro ríspido, pai e filha decidem fugir juntos da polícia e dos traficantes.
Dirigido pelo francês Jean-François Richet, Herança de Sangue é um filme com um resultado desastroso apesar da aparência promissora. Mel Gibson vive um “paizão superprotetor indestrutível” num retrato praticamente supérfluo e incontudente de um personagem que tudo pode, desde encarar corridas de motocicleta (seria uma referência a Mad Max?) a superar os “problemas insuperáveis”, mas fragilmente encabeçado como responsável pela filha, quem não criou e basicamente desconhecia. Seria o acaso? Ou uma redenção exagerada?
A exploração dessa atribulada relação entre pai e filha se limita a diálogos frouxos e desinteressantes, tornando raso o retrato e deixando o filme à mercê de sequências de ação nervosas e violentas, mas sem alma, sem contexto, sem um porquê. Pergunto-me se seria puro exibicionismo.
É pouco dizer que Herança de Sangue é uma bagunça. O filme não consegue se sustentar por muito tempo. Aborrece fácil demais. O clímax enfraquece. E a partir daí é só tédio. E olha que estamos falando de um filme com uma duração de um pouco menos de uma hora e meia. Herança de Sangue poderia ser melhor – no fundo, é um filme com uma premissa bastante interessante – até que não chega a ser um filme péssimo. No entanto, bom não é. É impotente, irregular e maçante.
Herança de Sangue (Blood Father)
dir. Jean-François Richet - ★★
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