Amanhã o blog faz dois anos. Como o tempo
passa rápido... Parece que foi ontem. Amanhã também começa a primavera – e com
essa nova estação vem a expecativa do frio sumir de vez – e o ano vai chegando
ao fim. O mês mal começou e já estamos no dia 21. Daqui a pouco vai ser
outubro, daí novembro, dezembro, e 2017. O tempo é uma coisa louca.
Enfim, vi o novo filme da diretora
independente Rebecca Miller, O Plano de
Maggie, que foi tanto adorado quanto odiado pelos críticos, e que já tinha
chamado a minha atenção há um tempo. É o primeiro filme dirigido pela Rebecca
que eu vejo, embora ela tenha em sua filmografia outros títulos mais famosos e
reconhecidos, como A Vida Íntima de Pippa
Lee, O Tempo de Cada Um e O Mundo de Jack e Rose. Ela dirigiu
todos os seus roteiros, à exceção de um: A
Prova, dirigido por John Madden. O mais irônico é que eu conheci ela como a
esposa do Daniel Day-Lewis. Só mais tarde foi que eu soube que ela também era
diretora e roteirista.
O Plano
de Maggie é
seu quinto longa-metragem. Pode-se dizer que é facilmente confundível com um
filme do Woody Allen, devido à ambientação, fotografia, narrativa com traços
quase inconfundíveis e completamente assemelháveis ao estilo autoral do mestre,
personagens riquíssimas e com personalidade forte e inconstante atravessando
crises amorosas. Não me surpreenderia caso logo abaixo o crédito de direção ou
roteiro estivesse o nome do Woody.
Em O
Plano de Maggie, a talentosa Greta Gerwig (a nova queridinha do cinema
indie americano) interpreta a Maggie do título, uma mulher decidida e simpática
na casa dos 30 que deseja ter uma criança, mas que não quer envolvimento em
nenhum relacionamento. Ela acaba conhecendo John Harding (Ethan Hawke), um
escritor de sucesso que acaba se apaixonando por ela. Não demora muito
(literalmente) e ele e Maggie se casam, e ela dá à luz a uma menina. Enquanto
isso, Maggie tenta manter uma amizade consistente com a ex-esposa de John, a
também escritora Georgette (Julianne Moore).
Um defeito (se é que se pode dizer que é um
defeito) do filme é que o mesmo tem um andamento super rápido. Os personagens
da história são introduzidos, e aos vinte minutos de filme uma transição agressiva
altera os rumos da trama inicial e a premissa entregue é desconstruida e reformulada
em um passo extensivamente longo. Não é difícil de acompanhar esse ritmo
acelerado e quase irresponsável da narrativa, mas a resolução se dá de forma
tão descompromissada e rasa que, enfim, não dá pra simplesmente “não notar” ou “deixar
passar” esse pulo. O Plano de Maggie peca
em profundidade. Mas, como eu disse, esse tal “defeito” é bastante subjetivo.
Eu achei que foi muito bruto, largado, mas tem gente que reclama mesmo que às
vezes o filme fica chato com ditos “diálogos desnecessários”, “encheção de lingüiça”
ou “repetição/re-enfatização”.
Outra coisa curiosa, mas que não chega a ser
necessariamente uma coisa prejudicial, é que o filme começa sem um “início” e
termina sem um “fim”, dando a entender que o mesmo é praticamente um “meio”. No
entanto, a propósito, no literal o começo e o final do filme ficam claros,
percebíveis, indentificáveis, mas fogem do padrão da narrativa que a trama
assume, da exigência de um começo promissor e de um final conclusivo. A
surpresa é que o filme termina de uma forma bem simples, mas que não pode ser
considerado um encerramento propriamente dito, ainda que a gente tenha uma leve
impressão do que está por vir, ou ainda da previsibilidade da troca de olhares
entre os personagens. Seria uma marca dos filmes da Rebecca? Achei
interessante. É meio arriscado e irregular, mas soa exótico. Talvez possa até
mesmo ser considerada uma espécie de desafio à narrativa lógica, “certinha”,
quem sabe?
O ponto forte do filme é, indiscutivelmente,
seu elenco. Greta Gerwig está fabulosa no papel de Maggie. A atriz, cuja
presença já por si só costuma me agradar bastante, cada vez mais revela ser uma
das intérpretes mais exímias, talentosas e empenhadas dos últimos anos. Ethan
Hawke também está numa performance celebrável, como um escritor que está sempre
trabalhando, obcecado com seu livro. Julianne Moore, quem muitos sites
recentemente estão apontando ser uma das prediletas a Melhor Atriz Coadjuvante
no Oscar 2017, está inegavelmente excelente, como é de esperar de uma atuação vindo de uma atriz tão exemplar como ela, mas nem de longe esta fica entre as melhores performances dela,
ou muito menos faz-se notável o suficiente para concorrer a um Oscar.
Rebecca Miller é certamente uma diretora
promissora e talentosa, mas que ainda tem um longo caminho pela frente. Eu
gostei de O Plano de Maggie. É bem
resolvido, bem escrito, bem atuado, mas não passa muito disso. De qualquer
forma, é engraçado em certos momentos. Uma comédia romântica reverente.
O Plano de Maggie (Maggie's Plan)
dir. Rebecca Miller - ★★★
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