Como todo bom conto de fadas, em Cinderela não faltou luxo, beleza, cor e luz; Não faltou encanto, bondade e final feliz. Posso até ter achado o filme bobo, pitoresco e repetitivo, mas confesso que foi impossível resistir às maravilhas que a obra traz. Incomum aqui para mim, este ser de opinião firme e concreta, que geralmente é bem duro em relação a filmes do gênero.
Fui assistir Cinderela um tanto quanto entusiasmado. E acabei por então muito feliz ao sair da sessão. Apesar de todo o entusiasmo, ainda escondia pessoalmente um receio de achar Cinderela desagradável e impotente. Foi bom ter enfrentado esse receio e então encher-me de satisfação vendo - ufa! - que estava errado. Apesar de ainda ter aqueles velhos clichês dos filmes da produtora, é bom ver que a inovação na Disney finalmente está acontecendo. É bom ver que agora a bilionária empresa cinematográfica de Walt está conseguindo se livrar dos estereótipos filmográficos que, vamos falar a mais sincera verdade, já estava enchendo o saco de muita gente. Defendo, no entanto, que Cinderela não escapou desses elementos irritantes, mas bem que teve sim uma evolução. Recentemente, a Disney está colocando mais dinheiro nos filmes live-action do que animações. Creio que a Disney fica um pouco melhor produzindo este tipo de cinema. É claro, a Disney nunca obteve muito sucesso com filmes de live-action, mas é bem rentável colocar dinheiro neles, ainda mais quando tratam-se grandiosas obras de arte (não estou falando de Malévola) adoradas tanto pelo público tanto pela crítica, que por sua vez atraem aclamação.
Acredito agora que, falando em Malévola, meu grande receio em ver Cinderela na verdade era o de encontrar o mesmo visto no longa já mencionado, que detestei. Mas, minha gente - enganos acontecem -. A distância entre Malévola e Cinderela é gigantesca. Enfim, confiem: Cinderela é um filme maior do que Malévola. Um filme mais qualificado, bem-produzido, montado e, atuado.
O elenco de Cinderela é de um nível tão formidável que arrisco a dizer que é o melhor elenco que um filme da produtora Disney já teve. Arrisco não, confirmo! Igualmente como o filme é um dos melhores já feitos pela mesma em anos (logicamente conto ao dizer isto filmes de live-action, excluindo as animações). Lily James é uma revelação bem "bonitinha", "formal", "discreta", o destaque do filme. Cate Blanchett e Helena Bonham Carter surpreendem elegantemente em seus papéis (confesso que a participação bizarra e confortável de Helena deixou o longa com um cheirinho de Burton). Apesar de notável e essencial, o elenco foi o menos destacado.
E neste momento, chego a parte da qual eu tanto desejava chegar: a (virtuosa) excelência técnica e visual de Cinderela. Elejo-os os bens mais preciosos que este filme possui. Começo falando da lindíssima direção de arte conduzida triunfalmente por Dante Ferretti (Sweeney Todd, Gangues de Nova York, O Aviador e Hamlet, em parceria com Branagh) que tanto me embriagou e deslumbrou em cem dotados de perfeição minutos. Elogios também devem ser compartilhados com Sandy Powell, autora da confecção e do desenho dos grandes, belos e exímios figurinos: onde concentra-se a poderosa e rica arte que envolve toda a caracterização do conto de Cinderela, onde loca-se o tão artístico e épico espírito que a obra transmite. Um contagiante e então sensato espírito. A fotografia também merece ser lembrada neste banquete visual, ainda mais quando temos em mão um diretor de fotografia tão experiente e hábil Haris Zambarloukos (Vênus, Mamma Mia!, Sleuth), em seu precisamente melhor trabalho. A versátil e relevante trilha sonora de Patrick Doyle (Assassinato em Gosford Park, Valente, Razão e Sensibilidade e Indochina), simplesmente plausível; Não deixo de citar a importância da adaptação de Chris Weitz, ainda que incompleta por alguns fatos, do conto original com a animação de 1950. Kenneth Branagh, tão famoso por suas adaptações shakesperianas e teatrais da literatura inglesa, traz no coração de Cinderela suas marcas registradas: o drama e a história.
Cinderela é tudo isso, e um pouco mais. Nostálgico, revolucionário por mudança, autêntico por esmero, incalculável por unicidade, impressivo por evolução. Charmosa por detalhes, Cinderela, num estilo de A Invenção de Hugo Cabret traz a pulsante e excêntrica magia dos contos, e histórias abundantes de fantasia, encarnada numa belíssima e sucessiva obra cinematográfica.
Cinderela (Cinderella)
dir. Kenneth Branagh - ★★★★
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