segunda-feira, 6 de abril de 2015

Crítica: "SINÉDOQUE, NOVA YORK" (2008) - ★★★★


Fabulosa obra de arte, Sinédoque, Nova York é uma colossal e furiosa crítica à sociedade e uma revisão existencialista sobre a vida de uma forma jamais vista. Em sua estreia na direção, Kaufman, anteriormente aclamado por trabalhos como Quero Ser John Malkovich e Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, destaca-se triunfantemente tanto na direção quanto no exímio roteiro da película.

Às vezes, um filme é de um luxo tão grande que ele mesmo exige um certo tempo para ver-se. Por isso, se você procura algo fácil, compreensível, coisas do termo digerível, não assista a Sinédoque, Nova York, pois o filme é um conteúdo bem complicado. Complicado no sentido de necessário, virtuoso. Não é um filme qualquer. Ele requer um senso apurado tanto de humor quanto de drama; Num estilo bem tragicomédia e ao mesmo tempo irreal, Sinédoque, Nova York conta a história de um diretor teatral que após ser abandonado pela esposa e pela filha, decide dirigir uma peça autobiográfica, que demora uma eternidade para então, digamos, ser "finalizada".

A ideia, como visto, é muito boa. Propõe uma série de segmentos tresloucados, surrealistas e complexos, ou seja, tudo bem à Kaufman. Eu diria, no entanto, que Sinédoque, Nova York é um trabalho mais charmoso, concentrado, digamos então, do roteirista/diretor. O pós-moderno drama que a intensa trama oferece pode servir de caminho tanto para uma excelente narração futurista, tanto quanto uma excelente jornada de vida. Sem errar o feitiço, Kaufman consegue dispôr-se de todos os elementos à sua volta, incluindo uma maravilhosa direção de arte e um maravilhoso elenco, para então criar o universo de Sinédoque, Nova York, um universo pós-moderno, revolucionário e peculiar.

Destaque para a plausível performance de Philip Seymour Hoffman, que mais deveria ter sido indicado por esta atuação do que pela que o indicou a Melhor Ator Coadjuvante no Oscar 2009, por Dúvida (bom filme, mas que não amplifica o talento de Hoffman tão quanto este filme conseguiu). Afinal, de se estranhar que Sinédoque, Nova York, tão inteligente, sofisticada e oscarizável aclamada obra, tenha sido esquecida na premiação, logo quando Charlie Kaufman é uma pessoa tão amada pela A.M.P.A.S. Morton, outra que deu uma de coadjuvante e até se saiu bem, foi outra esnobada cuja performance é tão igualável quanto as cinco indicadas ao prêmio aquele ano.

Enfim, sendo ou não indicado ao Oscar, Sinédoque, Nova York não deixa de ser imperdível. Direção brilhante, roteiro brilhante, atuação de Hoffman brilhante... É tudo seletivamente brilhante nesta obra, que acaba sendo confuso retratá-la em texto. Só posso então dizer que esse fabuloso conto é um lindíssimo resultado da maestria de Kaufman. Muito bom!

Sinédoque, Nova York (Synecdoche, New York)
dir. Charlie Kaufman - 

Nenhum comentário:

Postar um comentário