sábado, 18 de abril de 2015

Crítica: "MORTDECAI: A ARTE DA TRAPAÇA" (2015) - ★★


Mortdecai: A Arte da Trapaça traz de volta Johnny Depp depois dos fiascos que foram os filmes O Cavaleiro Solitário e Transcendence, agora em um plano bem mais fantasioso e cômico se comparado aos outros filmes citados. O único problema é: Mortdecai também é um fiasco. Um fiasco imperdoável. Mortdecai é tortuosamente cheio de falhas e clichês idiotas e bobos que não conseguem arrancar nada do público a não ser cansaço e desapontamento.

O filme já começa mal quando começa a misturar espionagem e comédia de uma forma tosca e improvável. Piora quando inventa artifícios metódicos para fazer com que seu protagonista escape de suas emboscadas quase ileso. E assusta quando coloca seu elenco à prova, da maneira mais grotesca imaginável. Assim é Mortdecai: um filme detestável. Uma pena para o diretor David Koepp, de quem vi a grande comédia romântica Ghost Town com Ricky Gervais e Téa Leoni. 

Mortdecai pode divertir e até muito bem garantir uma porção de gargalhadas, mas ainda sim não é convincente. Falta dramatização em sua encenação. Falta conflito. A ausência destes elementos essenciais é o que o faz chato e ridiculamente tedioso. Mas a história é exclusivamente boa. Temos aqui Johnny encarnando Charles Mortdecai, um mestre do plágio e falsificador atenuante, caloteiro de mão cheia que vive se metendo em empreitadas sem saída no mundo da trapaça. Recebe a calorosa missão de descobrir onde esconde-se um quadro valioso de Goya vindo a Londres para um pequeno reparo, e roubado por um gigantesco incidente que deu vista a outros mais. Mortdecai, acompanhado do fiel escudeiro Jock e parcialmente da bela esposa Johanna, parte em sua jornada instigante ao encontro da obra.

Aqui no elenco destaca-se a participação de Paul Bettany, na única atuação que realmente parece dar trunfo ao filme, ainda que seja ela vista em pouquíssimos segmentos, a maioria deles de ação. Bettany, que já esteve ao lado de Depp em O Turista, faz aqui Jock Strapp, acompanhante e criado-quase-mudo (nas palavras do próprio Mortdecai) do mestre que quase sempre é responsável por salvar seu patrão e ir à luta por ele, enfrentando seu público criminoso. A trilha sonora também não é tão ruim. 

Mortdecai é um filme de truques. Ora comédia, ora drama, ora romance, ora aventura, ora caos. Mortdecai é demais compulsivo por truques e de menos dedicado ao conflito, o que acentua e traça o caminho do original Mortdecai na série de quadrinhos homônima, autoria do inglês Kyril Bonfiglioli, reproduzidos no final do meio ao final da década de 70. Em Mortdecai, a emoção e o emotivo não ganham desenvolvimento. Parece que todos só querem chegar ao final e encerrar a trama, o que é terrivelmente errôneo, e acaba destruindo todo o clima da história. Depp nova e infelizmente não sai ileso da produção, tendo seu personagem terminado num total fiasco. Tenhamos esperança para que o ator volte, brevemente, em algo melhor, quando só mesmo parece que o velho e bom Burton o salvará da perdição. 

Mortdecai: A Arte da Trapaça (Mortdecai)
dir. David Koepp - 

Nenhum comentário:

Postar um comentário