domingo, 5 de abril de 2015

Crítica: "O GRANDE DITADOR" (1940) - ★★★★★


"Lutemos por um novo mundo! Um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice... Lutemos por um mundo de razão, em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados! Em nome da democracia, unamo-nos... Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz. Vamos entrando num mundo novo, um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade... Ergue os olhos, Hannah!" - O Barbeiro (Chaplin).

É neste emocionante discurso de O Grande Ditador onde encontra-se minha paixão e minha gratidão pelo enorme trabalho de Charles Chaplin, cidadão do mundo, irmão da humanidade, solidário e gentil homem que tanto nos fez rir e chorar, não só neste filme, mas em outras obras suas que exploram a humanidade e a bondade. Essencialmente nesse filme, um dos mais eternos deste gênio cinematográfico. 

Risos e lágrimas são produtos de O Grande Ditador, clássico da década de quarenta dirigido, atuado e escrito pelo indubitável Chaplin, autor de maravilhosas películas cujo principal objetivo é criticar o mundo atual (quer dizer, o mundo da década 20-50, mas que não diferencia-se tanto da atualidade). Mas o que há de tão especial em O Grande Ditador para que se torne um figurável destaque dentre todos os outros? O que há, afinal, de tão exclusivo? A resposta é o filme. Não sei dizer se é o charme, a inteligência, o poder, a comicidade, a sátira... São tantos os motivos que a resposta mesmo é o filme. 

E que admirável destaque é O Grande Ditador... Memorável destaque, que tanto nos faz refletir sobre os paradigmas e as fronteiras das guerras, não só as antigas primeira e segunda guerras mundiais, mas a Guerra Fria, a Guerra ao Terror, a Guerra Civil Americana, então: as guerras! O Grande Ditador leva o expectador a experienciar com seu afeto e seu espírito as cenas e as consequências de uma das mais brutais guerras: a Segunda Guerra Mundial. Só que, em vez de fazer um retrato original desta guerra, o genial Chaplin a traduz para seu gênero, transformando o sangrento capítulo em um episódio utópico protagonizado por Adenoyd Hynkel (Adolf Hitler), o sádico e hilário ditador da Tomânia (Alemanha), a mais poderosa potência de guerra européia, que briga pela ocupação da pequena e livre república Osterlich (França) com a igualmente grande potência de Bactéria (Itália), liderada por Benzino Napaloni (Mussolini). Só que neste contexto fictício-histórico, entra a estrelar um barbeiro judeu amnésico, ex-combatente da primeira guerra, vivendo no gueto ao lado de Hannah, seu par. 

É tudo tão simpático e ao mesmo tempo triste e melancólico; Não deixa de ser, entretanto, O Grande Ditador uma visionária observação da vida que uma guerra oferece, e dos extremos impactos que causa. Resumindo: mais uma revolucionária obra de arte do grande pai do cinema. Mesmo após tantos anos desde seu lançamento, O Grande Ditador não é clichê, e até sim bastante original, complexo, divertido e autêntico (tudo bem Chaplin), com direito a grandes performances do próprio Chaplin (em uma das maiores de sua carreira), Paulette Godard e o excelente Jack Oakie.

O Grande Ditador (The Great Dictador)
dir. Charles Chaplin - 

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