sexta-feira, 17 de abril de 2015

Crítica: "PIAF - UM HINO AO AMOR" (2007) - ★★★★


Do tresloucado submundo parisiense aos luxuosos palcos do Carnegie Hall, Edith Piaf - cujo centenário celebra-se em dezembro deste ano -, uma das maiores lendas de todos os tempos da música, e a maior representante feminina do music hall francês, possuiu uma história de cunho tão comovente e forte que por si só já é bastante fantástico ver um filme onde ela é encenada. E lindamente aqui, sua história entona-se perfeitamente na melancolia e no talento de Marion Cottilard ao encarná-la.

Piaf - Um Hino ao Amor pode parecer à primeira vista um filme exageradamente belo, colorido, vivo, passional e doce... Na realidade, não é totalmente assim. O filme parcialmente é triste, cinza, dramático, monótono, rigidamente doloroso e depressivo. Ele analisa categoricamente a tortura que a vida de Piaf foi, tal como também aprofunda o calor de sua pessoa diante das diversas situações. Desde a pobre e suja infância até a agoniada e solitária morte. No entanto, ainda sim não deixa de ser um filme belo, para se dizer a verdade. A beleza encontra-se na caracterização, que por sinal, é excelente. Só que devo, primeiramente dizer que o filme sobressaí-se mais por conta da querida Cottilard, vencedora e indicada a inúmeros prêmios, incluindo o Oscar e o Globo de Ouro, dos quais venceu, pela sua fabulosa atuação, até agora a melhor de toda a sua curta carreira.

Na dor, no sofrimento, no pânico, na doença, no desespero, na ingratidão, na infelicidade... Piaf cantou. Cantou com o coração, a cada vez como se nunca mais iria fazê-lo. Cantou a paz, a paixão, a ilusão, uma vida melhor, enfim... Admiro muito essa dama, e principalmente guardo um fascínio incandescente por sua jornada nada fácil de vida. Aprecio o modo de como ela lhe deu àqueles à sua volta que a desprezaram e não acreditavam que ela então um dia alcançaria o sucesso, e até mesmo o estrelato. Non, je non regrette rien, dizia a cantora, corretíssima na afirmação que diz "não volto atrás". Até hoje, me inspiro nas canções interpretadas pela voz da lendária Edith, de personalidade firme e consciente, fraca por miséria e confusa por erros acometidos por todo um caminho. E mesmo carregando consigo o deplorável passado que tanto a sufocou, não perdeu a graça, o estilo e a alegria de viver, celebrando cada minuto, como se fosse o último. 

E minha admiração pela cantora só mesmo ajudou na boa recepção desta película, ainda quando em equipe temos Piaf sendo interpretada por outra grandiosa artista, Marion Cottilard, de quem sou fã. Piaf - Um Hino ao Amor é uma obra que impossivelmente ou raramente deixará seu público insatisfeito, afinal, não vejo o por que. A película nos envolve tão singularmente na história que a emoção acaba por tomar conta de nós mesmos. Há cenas aqui que, tanto nos fazem refletir quanto nos deixam esmagados de tristeza, como o segmento onde Piaf descobre a morte do prezado amante, ou então uma das últimas - me emociono só de lembrar - que reporta a última noite de Edith. Cada cena perfeitamente filmada; cada take cheio de trunfo. 

E olha que, garanto, não precisa ser um tal lá mestre da área musical ou coisa do tipo para conseguir fisgar do filme o mais assombroso e elegante impacto. Compreendo aqueles que consideram a biografia chata, cansativa e parada, mas não há como não assumir que talvez tenha alguns momentos que conseguem falar mais alto e quebrar então esse preconceito do espectador em acompanhar filmes mais complexos do que o normal, talvez mais intelectuais ou impopulares. E olha que sendo sincero, Piaf é um filme bem pra lá de universal. A dor é universal. O amor é universal. A esperança é universal. A musica - por favor! - é universal. Se seu medo é esse, perca-o, por que esse filme é uma boa oportunidade de adquirir conhecimento sobre a cantora, além de também fornecer um ótimo contento cinematográfico. 

Piaf - Um Hino ao Amor (La Môme / La Vie en Rose)
dir. Oliver Dahan - 

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