quinta-feira, 2 de abril de 2015

Crítica: "O ÚLTIMO ATO" (2014) - ★★


Não há nada mais decepcionante a ser visto num filme ruim do que ver um grande ator num personagem desqualificado e medíocre. É mais ou menos assim aqui, sentir a falta de engenho, clima e responsabilidade num filme conduzido por um baita pessoal, que não soube cuidar da história direito. O Último Ato é simplesmente clichê. Repete os mesmos aspectos e as mesmas perspectivas de um filme baseado em seu tema. Al Pacino interpreta um ator teatral em declínio, que após se isolar do mundo funcional, começa a ter tendências suicidas e distúrbios psicológicos, alguns deles com relação ao seu passado, e por uma figura que misticamente ressurge em sua vida. 

Birdman, Rede de Intrigas e Cisne Negro (só para citar alguns) souberam retratar com mais complexidade e técnica esse tão preferido e usual gênero "declínio personal", estragado pela enfadonha trama de O Último Ato. Quem parece se destacar mesmo é só Al Pacino, sumido dos trabalhos cinematográficos nos últimos tempos, tendo se dedicado mais ao teatro - sua grande paixão -. Al, mesmo às vésperas de seus 75 anos de idade, ainda não parou de trabalhar, em ambos os ofícios, quando muitos artistas de sua área costumam largar a carreira profissional. Al, aqui, é quem realmente merece reconhecimento.

Quem surpreende por desapontar mesmo é Barry Levinson, diretor aclamadíssimo de Rain Man, Avalon, Bom Dia, Vietnã e Mera Coincidência, que nos últimos tempos, ainda que tenha dirigido um montão de filmes, parece desconectado de sua verdadeira essência; a essência que tanto marcou suas obras de auge, das décadas de 80 e 90. O último bom filme mesmo de Levinson foi Vida Bandida, de 2001, com Cate Blanchett e Bruce Willis, comédia de excelência do cineasta, que mais parece interligado à este último gênero do que, por exemplo, o drama, lembrando que não gostei de Bugsy (salvando, é lógico, Rain Man). 

Desconcerta ver o quão a história é embaralhada, indisposta, fechada, confusa... É uma prova da total ausência de conceito e envolvimento dos roteiristas, Buck Henry e Michal Zebede, em relação à obra original de Philip Roth. Greta Gerwig, a quem eu tão esperava ver aqui na obra, também não se saiu tão bem se comparada ao que eu esperava dela. O mesmo aconteceu com Dianne Wiest, desaparecida das telonas, que não conseguiu convencer muito roubando de uma forma bem incompreensível a cena. Falando bem sinceramente, O Último Ato é bem isso: incompreensível; ao ponto de ser amargo e detestável. Mal-resolvido embora tenha o bom Pacino, a película não rende o preço do ingresso, infelizmente. Chato demais, o sono é inevitável durante os diálogos vai-e-vem dos personagens, sem quase nunca inovar no contexto, o que foge dos padrões que a trama oferece. É como se o filme estivesse sem saída, já que de todos os ângulos possíveis em questão a isto, estaria errado. Cômico? Não, de jeito algum. No mínimo, sujo e/ou precário, tratando-se de humor. 

O Último Ato (The Humbling)
dir. Barry Levinson - 

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