Achei Frank um filme esquisitão. E isso é o melhor dele. O pior vem depois. Confesso que fiquei bastante animado com o show de bizarrices apresentado pela tresloucada banda The Soronprfbs: um protagonista que veste uma cabeça falsa por todo o tempo, sem retirá-la por um segundo, nem mesmo para as necessidades especiais; uma mulher psicopata; um francês que não consegue se comunicar com ninguém da banda por conta de sua língua diferente; um homem (produtor) que tem fetiches sexuais por manequins... E, por fim, um jovem tecladista substituto que tenta se adaptar às estranhas acomodações oferecidas pela banda.
Até aí, o filme é bem interessante. Só que é tudo muito rápido, e confuso, ainda por cima. Fica difícil compreender os objetivos da película e as suas intenções com tanta desnecessária bagunça. Além disso, os elementos fogem frequentemente de nossa vista. Enfim, só sei que não gostei muito de Frank. É um filme que me deixou inusitadamente desconfortável (no pior sentido da frase) e impaciente. Acho que é justamente por esse motivo que vi Frank: só tem noventa minutos. Um minuto a mais - juro - e uma estrelinha das duas que dei desapareceria. O filme é muito chato, e repetitivo. E, acrescento: clichê!
Michael Fassbender está surpreendentemente maravilhoso no problemático papel da estrela da banda: o doente e estranho Frank. Mas é limitado. Até que o personagem começa a cansar, e nos deixar fadigados. Dá vontade de sair da sala de cinema sem mais nem menos e pedir o dinheiro de volta. Sério. Eu realmente não gostei de Frank. Não me agradou. Não me satisfez. Por algum motivo, Frank me pareceu demasiadamente demasiado e interminavelmente irritante.
A história é incrível, mas o filme é um fracasso. Não conseguiu abranger as essenciais necessidades criadas pela trama. O roteiro, em partes, é brilhantemente inteligente, e, vira e mexe, dá boas sacadas, mas falha na intenção de reproduzir um conteúdo que possa realmente sobreviver o tempo e ainda sim nos deixar com um gosto de "querendo mais", e não o gosto de "que saco, acaba logo!". Tempo desperdiçado. Não tem como deixar mais resumida a minha fúria pelo longa. Tempo irreversivelmente desperdiçado. Isso tudo em partes.
E olha que eu adoro filme independente. Tomem cuidado: já me acusaram muitas vezes de ser defensor de suas causas (risos). Aprecio muito a qualidade e o brilho dos filmes deste gênero, e quase nunca desgosto de algum filme cuja produção foi realizada através do uso de uma quantia de dinheiro consideravelmente baixa para sua realização ou coisas do tipo. Faz parte da minha absoluta cinefilia. E, eu me decepcionei, pois eu tinha tudo ao meu alcance em Frank: um filme independente, aclamado internacionalmente, mostrado em Sundance (a Cannes dos filmes indie), e com uma história que tinha tudo pra me deixar mais que saciado. Tudo foi em vão. Não demorou nem meia hora, já corri para o relógio ver o tempo.
E olha que o elenco tem nomes bravíssimos, cheios de obras-primas em seus currículos. Estou falando, é lógico, do talentosíssimo Michael Fassbender e da cobiçada Maggie Gyllenhaal, aqui fazendo um papel bem "nutritivo" de psico-artista (algo que merece crédito num longa tão desapontador).
O diretor Lenny Abrahamson, um "fera" do cinema irlandês, de quem eu, até essa péssima decepção, nunca tinha ouvido falar, merece um elogio. O cara se dedicou a fim de fazer com que o bizarro clima resplandecido pela trama ficasse no ar até os últimos segundos, e nisso, me orgulho de dizer que ele foi sensacional. O roteiro, apesar de falhas e erros assombrosos, destaca-se pelas já citadas boas sacadas além da construção belíssima da história e, na influência desse "clima bizarro".
Frank
dir. Lenny Abrahamson - ★★
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