sábado, 13 de junho de 2015

Crítica: "SOB O MESMO CÉU" (2015) - ★★


Nunca gostei muito dos filmes de Cameron Crowe. Acho que um dos únicos que realmente me cativou dentro da filmografia dele, e que destaca-se naturalmente dos outros foi Quase Famosos. Fora este, nunca realmente tive apreço pelos projetos de Crowe. Nunca encontrei um motivo, talvez. Acho seus trabalhos primorosamente retratistas mas absolutamente sem-graça, cartões postais de um cotidiano perfeito, na maioria das vezes, como nos foi apresentado em seu pior longa, o ridículo Compramos um Zoológico, que não conseguem interagir com o público além de não apresentar nada de qualidade.

Este Sob o Mesmo Céu até que conseguiu me agradar, só que senti a falta de alguns elementos cuja participação na estrutura da história e do desenvolvimento do conflito seria de tamanha importância. Sob o Mesmo Céu é um clichê de Crowe, pois, como eu vi, novamente é um cartão postal sobre um cotidiano perfeito, final feliz, coroado com vitórias e bem-estar. Não levem a mal, como se eu não gostasse de tais características dentro de um filme. É só que, aqui, ao estilo de Crowe, me irrita, mesmo que ele esteja trabalhando numa trama tão interessantemente boa, que é essa. O desenrolar dos acontecimentos cansa, pois, em seus intervalos, o diretor/roteirista procura introduzir segmentos que mais se parecem com "comerciais". É como se Sob o Mesmo Céu fosse um programa de TV, e, quando a história chega em algum momento crucial, entram chatos segmentos que  só a atrasam, pra (não) segurar a atenção do público, demorar o filme e ainda encurtar a curiosidade, que, na minha percepção, é fruto relevante de qualquer história, mas que aqui, existe em bem pouca quantidade.

Bradley Cooper interpreta um militar chamado Brian Gilcrest, que, após falhar numa missão em Cabul, recebe comandos para retornar ao Havaí e preparar-se para a manutenção e a supervisão do lançamento de um satélite. Ao desembarcar na ilha, ele reencontra um antigo amor com quem teve um duro fim, e quem não via há mais de dez anos, além de estar sempre na companhia de uma piloto da Força Aérea. História vai, história vem, ele se apaixona perdidamente por essa piloto, mesmo que esse amor esteja dividido pelo trabalho de Brian, e cada vez mais ele se vê próximo de um segredo de família perpetuado por muito tempo por sua ex, que está relacionado ambiguamente ao fim da relação deles e também ao novo marido dela, Woody, colega de Brian.

Como militar, gostei mesmo de Bradley Cooper no forte e comentado Sniper Americano. Aqui, seu personagem de militar não tem gosto nem cheiro, muito menos ação e identidade. Não é possível perceber traços de um homem que tenha executado serviços tão severamente cruéis, além de ter tido tanto sofrimento durante tais missões, em especial a última realizada, neste fraco Brian Gilcrest feito por Cooper nesta comédia romântica embaçada. Já em Sniper, havia controle e atuação; Bradley encarnou com realidade e talento Chris Kyle, de maneira com a qual seu personagem sempre estava se vendo contracenando com o triste passado da guerra com o qual foi presenteado, levando a culpa dos assassinatos e da crueldade vista por lá para o resto de sua jornada fora daquelas terras. Talvez, se Brian tivesse sido melhor desenvolvido por Cameron durante a projeção do roteiro, não teria tanto desgostado da interpretação de Cooper como ele.

Rachel McAdams não serve em papéis do gênero: mãe boazinha, caridosa, ex respeitável, compreensiva, e tal... Gosto dela mesmo interpretando vilãs, sujeitas-mal-caráter, traiçoeiras, impossíveis, como as feitas em Meia-Noite em Paris (embora com muito romantismo) e no sangrento Paixão, de Brian De Palma, embora eu mesmo minto em tal afirmação, já que adorei a bela Rachel no papel de Becky Fuller em Uma Manhã Gloriosa. Achei-a muito sem sal como a ex namorada de Brian. Emma Stone até que conseguiu controlar com certo desempenho sua personagem, uma bela capitã aérea. Romântica e belíssima, embora seu cargo tenha a exigido muita bravura e rigidez, ela é insubstituivelmente maravilhosa (mal posso esperar para vê-la em Homem Irracional).

Senti também em Sob o Mesmo Céu a ausência de visual. As cenas, embora passadas num lugar tão colorido e cheio de vida como o Havaí, ainda sim me parecem muito monocromático, no sentido de ter visto excessivamente tudo muito em uma só cor, ou uma série de cores paradas. Não há vermelho, amarelo, azul, rosa... E, pra mim como espectador, é essencial ver um bom jogo de cores e cenários dentro de histórias locadas em paisagens turísticas tão recheadas de beleza e sinfonia visual, como o Havaí.

Sob o Mesmo Céu (Aloha)
dir. Cameron Crowe - 

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