Não achei que ia gostar assim de A Incrível História de Adaline. Primeiramente, já pelo trailer e pela sinopse, não fiquei de cara convencido de que era mesmo um bom filme. E o filme é bom. Bem melhor do que eu imaginava, pelo menos. A Incrível História de Adaline é mesmo, além da incrível história cujo título nacional já escancara, uma película incrível, maravilhosa, majestosa. Apesar de ser terrivelmente meloso em determinados e poucos momentos, o longa proporciona romance e drama perfeitamente combinados e equilibrados.
Lee Toland Krieger mostrou em 2012 uma comédia de traços leves, ainda que profundos e extremamente românticos em seu maior filme, Celeste e Jesse Para Sempre. Aqui, ele mostra algo bem mais sério e enfocado do que o longa anterior, apesar de apresentar a mesma porção de romantismo acentuado, de uma maneira bem mais idolatrada e apaixonada. A história narra a peculiar jornada de Adaline, uma jovem moça que, no fim da década de 20, aos 29 anos, sofreu um acidente de carro que mudou sua vida: após perder a vida por pouquíssimo tempo, ela, ao ser atingida por um relâmpago, volta imediatamente ao estado normal, só que com uma coisa a mais: por conta de uma reação, Adaline acaba por descobrir sua imortalidade, e que pelo resto dos seus dias, terá 29 anos. O filme retorna para a atualidade, narrando a vida secreta de Adaline e suas outras personalidades.
É bem interessante esse olhar do filme sobre a vida de Adaline e os acontecimentos ao redor dela desde seu nascimento na virada do ano. Mas falta algo. Acredito que poderia se ter explorado mais. Faltou aventurar o roteiro. Faltou preencher a vida de Adaline com elementos, por exemplo, de seu passado. Realmente, como diz o personagem de Michiel Huisman, nós não conhecemos nada a partir de Adaline a não ser seu segredo bombástico. É algo desapontador nesse longa, uma das muitas poucas coisas.
E eu não imaginei que gostaria tanto do final já óbvio de Adaline. Ficou ótimo. E a surpresa mesmo de ver este longa recai acima de Blake Lively, na primeira grande performance de sua carreira, que já mostrou fracassos suficientes para tirá-la de cotação como A Vida Íntima de Pippa Lee, Selvagens, Atração Perigosa e Quatro Amigas e um Jeans Viajante e sua sequência. No entanto, parece que Lively encontrou finalmente algo de razoável para fazer de seu talento exuberante. E, não sei se foi por causa deste filme, mas a bela Blake até já foi confirmada no próximo longa de Woody Allen, que será lançado ano que vem, onde fará papel de Kat.
Pensei - outra coisa que me desapontou - que o longa retrataria mais afundo o espírito épico da jornada de Adaline, no estilo de realmente retratar mais profundamente as questões que Adaline atravessou quando ainda desenvolvia dúvidas sobre seu não-envelhecimento e sua reparável juventude. Essa questão, lá no fundo, serve como uma boa moral àquelas narcisistas mulheres e meninas da atualidade que sempre buscam ficar tão belas a todo instante no ponto da velhice não estar acessível à seus rostos. Rugas tornam-se seus piores inimigos. A ponto de que? Conquistar homens? Conquistar elogios, enquanto dentro delas mesmas apenas existe um pesaroso vazio? Pra que ser boa por fora e podre por dentro? Às vezes não nos damos conta desses quesitos, mas é até um pouco fundamental refletir sobre eles. Acredito sim que, se as mulheres de hoje em dia aceitassem seus destinos e aprendessem a conviver independentes das opiniões alheias sobre sua aparência exterior, o mundo seria bem melhor em alguns princípios. Beleza é beleza, mas e o conhecimento, que chega a ser mil vezes mais importante do que um rostinho lindo? Devemos, não só mulheres, mas homens também, aprender com Adeline, cuja vida foi devastada para sempre com tal reviravolta. Muitos, talvez, ficariam felizes, até certo ponto. Não falando de beleza, mas sim de longevidade. Seria muito bom se isso acontecesse à mim, a imortalidade. Mas é o ciclo da vida, que de jeito maneira pode ser interrompido. Até mesmo o filme aborda isso.
A Incrível História de Adaline (The Age of Adaline)
dir. Lee Toland Krieger - ★★★
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