sexta-feira, 26 de junho de 2015

Crítica: "O EXÓTICO HOTEL MARIGOLD 2" (2015) - ★★★


Há uma coisa que me deixa muito aborrecido neste segundo filme, que me acompanha desde o primeiro. Desde o começo, senti a imensa falta de um elenco de proporções intencionalmente gigantes. Sei que bons atores passaram por ele, é um fato inerrável: Maggie Smith, Judi Dench, (o excelente) Dev Patel, Tom Wilkinson (estrela o primeiro), Richard Gere (estrela o segundo), Bill Nighy, Penelope Wilton, Richard Pickup... O elenco, mesmo que cheio dessas estrelas, está incompleto. E esse é um filme, ou melhor, era um filme, franquia, enfim, que podia dar um show no quesito elenco colocando nele atores feras da terceira idade. E deu sim, só que não foi por completo. Se eu fosse John Madden, no elenco, além desse grupo de atores idosos brilhantes, colocaria Meryl Streep, Dianne Wiest, Whoopi Goldberg, Jack Nicholson, Kevin Kline, Sean Connery, Michael Caine... Isso só pra citar exemplos. Eu criaria personagens, mais tramas do que as já presentes, pois este é um filme que por si só narrando tramas é uma obra maravilhosa, e não deixa o público aborrecido, afinal, são duas horas, dá pra fazer muita coisa. Mas faltou. Faltou abusar nesse elenco. Nada contra este aqui, só que acredito que se poderia ter ido mais longe com ele, ter colocado mais gente.

Quanto à este, como disse, nada a reclamar. Antigos e ainda sim bons atores, como sempre, dotados de uma competência extraordinária. A prova mais eficiente de que o talento, mesmo com o inevitável passar do tempo, não enferruja. A maioria desse brilhante grupo, britânico. Judi, Maggie (ela em Downton Abbey é simplesmente sensacional), Dev (que já tinha mostrado ao mundo sua exímia qualidade artística na grande obra Quem Quer Ser um Milionário?), que não é britânico mas, enfim, entrou muito bem no embalo, Bill, Penelope e todos os outros. A grande surpresa do longa foi a aparição de Richard Gere, no papel de Guy Chambers. Uma surpresa entre aspas, já que a atuação do ator foi bem meia-boca. Mas foi divertido ver o velho Gere, que ainda sim era o mais em forma dentre os idosos do elenco, fazendo esse personagem. 

O Exótico Hotel Marigold 2 é um filme bom, sensato, cheio de bons momentos e inteiramente criativo e engraçado, que não o distancia tanto do primeiro longa, o sucessivo O Exótico Hotel Marigold, lançado em 2012, em relação à qualidade. Ambos são filmes maravilhosos. E, ainda sim que incompleto, afirmo, o elenco é o melhor deste longa. A ideia de filmar o encontro de lendas da interpretação num filme que os reúne em um hotel que aparenta ser um asilo mas que, com alguns acontecimentos, se revela atipicamente contrário à tal semelhança. Muito bom. No entanto, não sei se devo perdoar John Madden, que já assumiu a direção de fracassos horrendos. Acredito que, se questionado sobre seu melhor filme, já diria: Sua Majestade, Mrs. Brown, que deu a primeira indicação ao Oscar de uma de nossas mais preciosas damas: Judi Dench. Caso fosse interrogado: "Você se esqueceu de Shakespeare Apaixonado?", responderia: "Olha, meu amigo. Acho que seria bem melhor terem dado o Oscar de Melhor Filme a Mrs. Brown do que a Shakespeare Apaixonado. Gostei muito de Mrs. Brown. Quanto ao longa vencedor do maior prêmio do cinema, não sei se posso dizer o mesmo. Só sei que não detestei, mas também nem gostei tanto assim". Não achei muita graça de Shakespeare Apaixonado. Tem boas performances, um roteiro engajado, mas no fim é tão ingenuamente fraco. 

O Exótico Hotel Marigold 2 lembra muito Quem Quer Ser um Milionário?, em certos pontos: tem Dev Patel, é narrado na Índia, e é um longa absolutamente feel-good. Mas, confesso que apreciar filmes feel-good não é de jeito algum a minha praça. Só mesmo esses dois longas e alguns outros cujos até posso contar. Se são por demais otimistas, deixam de contar a história e tornam-se ridiculamente chatos. Se são muito emotivos, tendem a enjoar e deixar o espectador enojado de tanta palhaçada. A receita de um bom feel-good é rara e, ainda sim, nos causa um grande conforto. Fico satisfeito em ver essa sequência muito bem-feita daquele belíssimo feel-good de 2012 e que, aqui, repete a mesma fórmula excelentemente. Exoticamente otimista, brilhantemente encenado e outrora delicioso.

O Exótico Hotel Marigold 2 (The Second Best Exotic Marigold Hotel)
dir. John Madden - 

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