Filme é igual comida. A cada paladar diferente, o gosto muda. Estava com receio de ver Um Método Perigoso, justamente pela enorme quantidade de resenhas que mal-diziam o longa, e que acabaram me contagiando, reproduzindo uma expectativa negativa quanto à ele. Não tive a oportunidade de vê-lo anteriormente justo por conta disto. Mas, hoje, tomei coragem para ver. E eu gostei. Gostei não, adorei Um Método Perigoso. Muitos dirão que é exagerado, entediante, não é autêntico e mil e uma desculpas a resultado de difamar ou desqualificar a obra, mas eu gostei. Eu achei tão profundamente interessante. Depois de assistir, cheguei a ficar espantado com a negatividade com a qual o filme foi recebido. É muito bom.
Para quem gosta, trabalha ou estuda filosofia, é bem recomendável. Para aqueles que tanto possuem pouco ou muito conhecimento da área, Um Método Perigoso será essencial, até por que retrata o importante trabalho de quatro importantes membros da psicoanálise, dando ênfase em três deles: Carl Jung, sua paciente e amante russa Sabina Spielrein e Sigmund Freud. O quarto é Otto Gross, apesar de seu trabalho ter sido mostrado com pouca amplitude na trama. Como épico, o longa reconta o método e as teorias de cada um desses filósofos em torno de uma série de distúrbios psicológicos envolvendo inibições/repressões sexuais.
É de fato peculiar ver um diretor da categoria de David Cronenberg dirigindo longa tão sério, de caráter estético e histórico tão rígido. Muitos, na estreia de Um Método Perigoso em Veneza, se sentiram desapontados em relação à Cronenberg, pela direção do filme e por ele ter assumido neste projeto algo tão diferente do que ele usualmente realiza, apesar do mesmo longa ter propriamente em si uma boa parte do estilo filmográfico dele. No entanto, parece que apenas eu pareço estar perdido no meio de tanta decepção alheia quanto à produção. Mas respeito a opinião dos outros quanto ao longa. Até cheguei a suspeitar e crer em algumas, que me levaram a duvidar da qualidade desta película, desmentida após a sessão.
O retrato é simplesmente excepcional. Algumas cenas usufruem de efeitos especiais a fim da caracterização da época, tais como as cenas de Freud e Jung no navio em direção à América. Muitas outras foram gravadas em um padrão de direção de arte simplesmente inacreditáveis de tão qualificados que são. Os jardins, os figurinos, os edifícios, os instrumentos. Outra parte devidamente interessante na contagem da história é a inclusão das tecnologias psicanalíticas da época, especialmente no início, quando Jung começou a desenvolver seu método, que são realmente curiosas e extremamente anciãs. É como se em Um Método Perigoso existisse um museu de psicoanálise e técnicas de psicologia completos sobre o trabalho feito por aquele grupo de intelectuais, o que, automaticamente transforma Um Método Perigoso numa estonteante obra intelectual, ainda sim que nele exista um lado sentimental bem forte. Voltando à direção de arte, nada duvido das filmagens feitas em 2010 nas belas paisagens austríacas e alemãs, verdadeiramente incríveis.
Um elenco competente como nunca se viu. Keira Knightley, (um ainda "desconhecido") Michael Fassbender e Viggo Mortensen formam um trio talentosíssimo de atores. Em destaque a bela Keira Knightley, que só revela sua beleza na metade do filme ao se envolver com Jung. Vê-la ridiculamente problemática e perturbada nas cenas iniciais quando o método proposto por Carl ainda era testado foi tortuoso, ainda mais pra quem viu a bela inglesa lindamente maravilhosa em Orgulho e Preconceito, onde sua jovial beleza é exposta ao todo em ampla escala. O roteiro de Christopher Hampton (baseado na peça dele The Talking Cure e no não-ficção A Most Dangerous Method, de John Kerr, publicado no Brasil, e cujo farei questão de procurar futuramente) é inteligentemente astuto e bem-montado. Cronenberg assume diante da câmera um papel legitimamente importante, e revolucionário. Um Método Perigoso termina assim. Me satisfez, me conduziu até o final, e me trouxe uma renomada e importante visão da psicoanálise e seu universo fascinante.
Um Método Perigoso (A Dangerous Method)
dir. David Cronenberg - ★★★★★
No momento em que este filme see agradável estréias. O sujeito da psicanálise e hipnose são dois que eu gostaria de ver em produções de cinema. Hoje eu gosto de assistir o série O Hipnotizador, uma nova história em que um homem revela segredos de pessoas e memórias que deixou esquecido. Eu recomendo ve.
ResponderExcluirO Viggo Mortensen, que interpreta o Freud, trabalhou em outros filmes com o Cronenberg, como SENHORES DO CRIME e MARCAS DA VIOLÊNCIA, mas nenhum desses personagens que ele fez fora este abordam o mesmo tema ou relacionado. Tentarei ver a série em breve, Paola. Obrigado pela recomendação.
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