sábado, 19 de março de 2016

Crítica: "TUDO VAI FICAR BEM" (2015) - ★★


É, nada ficou bem com Tudo Vai Ficar Bem. E pensar que um trabalho tão impotente como esse foi dirigido por Wim Wenders e tem no elenco astros do escalão mais refinado, tais como James Franco, Charlotte Gainsbourg, Rachel McAdams e Marie-Josée Croze, só pra começar. O mais recente trabalho de Wenders estreou no Festival de Berlim, hors concours, ano passado, e chegou neste mês aos cinemas nacionais. Se vale ir conferir na telona? Olha, pra ser sincero, há certas coisas que são bem decepcionantes em relação ao filme, mas contando o elenco talentoso e a fotografia exuberante, rende ir ver sim. Mas, infelizmente, nem elenco nem fotografia, por mais excepcionais que sejam, são capazes de sustentar esse filminho maçante, que é uma grande de uma gororoba dramática sem pé nem cabeça.

E olha que eu recebo bem os dramas. É quase prioritário. Gosto pra caramba do gênero. Mas não dá pra suportar Tudo Vai Ficar Bem. E a questão nem é ser um filme dramático demais, porque na verdade nem é tão dramático assim e ser dramático demais às vezes nem é necessariamente um problema. Tem horas que Tudo Vai Ficar Bem é mais como um anti-drama, sabe? Mas o resultado é estranhamente incompleto e ruim. O filme é "vai drama, sai drama, vai drama..." e a história é confusa demais. Não tem sentido em fazer um filme assim. Eu pelo menos não vi graça alguma em tal proposta.

Tudo Vai Ficar Bem conta a história de um escritor (James Franco) vivendo um relacionamento conturbado com uma moça que deseja construir uma família com ele (Rachel McAdams) cuja vida muda após um acidente de carro trágico. Com o passar do tempo, ele vai tentando lidar com o crime e com as pessoas afetadas por ele.

Um jogo de emoções desencantado e sem controle paira sobre a trama e deixa o filme arrastado e desnecessário de muitas formas. A impressão que fica é de que Tudo Vai Ficar Bem é exageradamente forçado, sem força, sem intensidade, sem freio. Luto, sentimentalismo abstrato, desencontros amorosos, passado, culpa e ainda sobra pra redenção... Tem alguma coisa faltando? É tudo junto e misturado. Daí a gororoba dramática: não há sentido, não há direção, não há razão, não há nada. Tudo Vai Ficar Bem é uma grande de uma palhaçada.

No máximo, como eu já disse, vale ver: pelo elenco, de desempenho consideravelmente razoável (o James Franco atipicamente inexpressivo me deixou um pouco confuso) e a fotografia estonteante do Benoît Debie, o belga que já trabalhou com Gaspar Noé (Irreversível e no recente Love), Ryan Gosling (Rio Perdido), Dario Argento (Jogador Misterioso) e que agora concluiu uma bela parceria com Wim (pena que o filme é meio perdidinho, mas o visual é chocantemente avassalador; se eu tivesse visto o filme em 3D, ah, que maravilha seria - ou não?).

E, enfim, é isso aí. Uma das decepções mais deploráveis de 2016, so far, veio, infelizmente, em forma de filme, dirigido por um cineasta fera (e bota fera nisso). Dá uma pena de ver um filme desses, um diretor desses desperdiçando filmografia. É isso aí. Tudo Vai Ficar Bem não me ganhou. É um dramalhão patético de segunda totalmente recusável e broxante. Mesmo com a performance da Charlotte Gainsbourg e a fotografia bombástica, é um filme baixíssimo e de pouco valor. Eca.

Tudo Vai Ficar Bem (Every Thing Will Be Fine)
dir. Wim Wenders - 

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