A primeira temporada de The Office, muito provavelmente por ser a mais curta (são 6 episódios no total), é a mais leve das temporadas. E, mesmo sendo também despretensiosa e minimamente introdutória, a temporada inicial de um dos seriados mais aclamados e populares da televisão norte-americana não escapa de certas falhas. Por outro lado, é interessante pra quem começou a acompanhar a série lá nas últimas temporadas (como eu) observar esse pontapé inusitado e acomodado. Se formos ver no geral, até que a 1ª temporada de The Office vale a pena, viu?
Não sei se já narrei essa história antes, mas meu professor de inglês ficou de me emprestar há mais de um ano, eu acho, o box da versão original do Ricky Gervais (The Office britânico), segundo ele "mais hilário que o americano". Mas o tempo passou e eu acho que ele acabou se esquecendo, muito embora uma hora ou outra ele ainda me lembre. O pior é que na época não consegui achar na internet. Quando eu tiver um tempo, vou tentar procurar em torrent. Enfim, Ricky Gervais leva o crédito de co-roteirista e produtor executivo dessa primeira temporada. Legal a iniciativa dele de ter emprestado a sua criação para os americanos, já que ele não obteve muito sucesso mesmo na TV britânica (a versão original chegou a ganhar um Globo de Ouro, mas a fama foi pouca).
Foi até inteligente da parte dele, digamos, já que, em comparação ao inglês, o The Office americano foi mil vezes mais bem-sucedido e amplamente recebido e distribuído mundo afora. E, de qualquer forma, o projeto, independente desses aspectos, é uma obra. Eu ainda não vi o britânico, mas o americano é maravilhoso. O reconhecimento à versão americana teria justificado o insucesso da versão britânica? Se foi esse o objetivo do Gervais, pode-se dizer que não houve desapontamentos. E, afinal, que mal há nisso?
Não há muita coisa a se dizer sobre a 1ª temporada de The Office. O desenvolvimento da versão americana foi lento. A lista de personagens é o básico do básico do básico da lista de personagens da série. O clima satírico impera e em certos momentos até se mostra um tanto incômodo (num bom sentido). Há momentos engraçados? Muitos. Há momentos sem graça? É, tem algumas coisinhas que não colam, mas é pouca coisa. Os seis episódios são todos bem agradáveis e digeríveis. É difícil não gostar.
Steve Carell, que antes de The Office era praticamente um Zé Ninguém (realmente, o seriado fez a carreira de Steve decolar) encarna Michael Scott, gerente regional da Dunder Mifflin, corporação responsável pelo transporte e pela confecção de papel e materiais relacionados, que lidera uma sede da empresa localizada em Scranton, Pensilvânia (sim, essa cidade existe) e mantém uma relação de fraternidade bem complicada com o resto dos funcionários (espectro ora cômico ora decepcionante, no geral mais cômico). A 1ª temporada explora uma fase de downsizing que afeta a Dunder Mifflin e põe em risco a filial de Scranton, que está sujeita a corte de gastos e demissão de empregados.
Ainda conhecemos Jim Halpert (John Krasinski), um homem que está claramente infeliz com o trabalho tedioso mas que não vê outra alternativa em sua vida, e que tem uma queda pela recepcionista da filial, Pam Beesly (Jenna Fischer), uma garota meio deprimida (por natureza) que vive sendo perturbada por Michael. Enquanto vai levando o emprego chato aos bocejos, Halpert ainda tem que aturar o colega imaturo e bagunçado, Dwight (Rainn Wilson), seu "arqui-inimigo". Há ainda Ryan Howard (B.J. Novak), funcionário novato, Oscar Martinez (Oscar Nunez), Angela Martin (Angela Kinsey), Kelly Kapoor (Mindy Kaling), Kevin Malone (Brian Baumgartner), Meredith (Kate Flannery), Phyllis Lapin (Phyllis Smith) e Stanley (Leslie David Baker).
Vou confessar: sou frequentemente um grande simpatizante dos personagens do Steve Carell (como ele era gordo, não é?), mas tem certos momentos em que o Michael Stone chega a ser bem irritante, hein? Puxa vida. O cara faz de tudo pra transformar a área de trabalho em um ambiente de diversão e mutualidade, mas só termina em encrenca. E o mais engraçado de tudo é que a gente, indiretamente, acaba se identificando com certas situações em que o personagem se mete, mesmo cientes dos exageros do chefe, sempre muito positivo e brincalhão, mas que chega a ser tão, mas tão descontraído que incomoda pra caramba. E, a certo modo, é bem assim que acaba quando nós tentamos consertar as coisas ou tentar novas coisas. E, é claro, tem aquelas horas que é simplesmente muito, mas muito engraçado. A vida de escritório é mesmo uma aventura. E The Office continua sendo minha série predileta.
1. Pilot
Episódio piloto. Michael Stone e o resto dos personagens são apresentados. Aquele já característico aspecto fílmico de mockumentary infesta a tela. É triunfal. Não é o melhor episódio, mas é uma boa introdução. Começamos a compreender logo por aqui o relacionamento dos funcionários e o comportamento do protagonista, o chefe Michael Stone, que perambula pelo escritório fazendo piadinhas, se exibindo em entrevistas, brincando com os demais personagens, e na maior parte do tempo difamando a ele mesmo, o que acontece com frequência nos episódios seguintes.
2. Diversity Day
Michael decide convidar um palestrante para discursar no "Dia da Diversidade" no escritório. Ele se atrapalha todo tentando deixar bem claro seu "não-racismo", e propõe aos funcionários da empresa um jogo de adivinhação relacionado a raças, culturas e religiões. A sequência do jogo é bem engraçada. Esse episódio é muito bom. Ri bastante. O melhor episódio da 1ª temporada.
3. Health Care
Para reduzir as chances da filial cair em downsizing e economizar dinheiro, Michael coloca Dwight no controle das sistematizações do seguro de saúde dos funcionários. Episódio confuso. Não é lá engraçado, mas apesar de tudo tem seus charmes.
4. The Alliance
Os empregados ficam paranoicos com a ameaça de downsizing. Dwight propõe uma aliança a Jim, que, ao lado de Pam, o sacaneia. Enquanto isso, Michael está sem ideias para o aniversário de Meredith. Episódio cômico, em especial a cena do aniversário, quando a Meredith e o Michael vão ler o cartãozinho com as piadas. Ri alto.
5. Basketball
Esse episódio é o mais engraçado da temporada, ao lado de "Diversity Day". Para interagir com os funcionários, Michael decide esquematizar uma partida de Basquete com os entregadores. O segmento do jogo é brilhante de tão engraçado.
6. Hot Girl
Participação (muito) especial da Amy Adams, a moça que nomeou este episódio. Michael faz de tudo para atrair e chamar a atenção de uma vendedora de bolsas, Katy (Amy) que está ocupando uma salinha na filial. Enquanto isso, a Dunder Mifflin irá presentear o melhor funcionário com um prêmio... Até o Michael chegar. Episódio de ouro, bastante engraçado.
★★★★
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