2016 está nos trilhos e eu estou mega atrasado com o calendário de estreias. Ainda bem que só estamos em março e se eu correr dá pra quitar a dívida. O problema vai ser se eu me apegar e deixar os lançamentos passarem e acumular filmes (como se já não bastasse a quantidade gigantesca de filmes que eu tenho pra ver). A anta aqui fica nessa onda de rever pra criticar e só se ferra. A culpa é da minha desorganização. Tenho que ser mais organizado. É uma questão de bem estar com o ambiente e o tempo. Otherwise, vou acumular filmes, vou me estressar e vou me atrapalhar todo com a minha rotina. Enfim, bora parar de reclamar e falar um pouco sobre Um Homem Sério, dos Irmãos Coen, que esse ano (daqui a pouquinho, pra ser mais exato) regressarão às salas de cinema com Ave, César!.
Um Homem Sério é aquele tipo de filme que você vai ver desprevenido e acaba se surpreendendo além da conta. A questão nem é ir informado, mas é um filme peculiar que agrada pela peculiaridade, independente da simpatia. E isso não vai ser lá estranho pra quem acompanha os irmãos Coen, cujos projetos são bastante excêntricos por natureza, e em muitos sentidos. Neste filme, comédia de humor negro que também funciona formidavelmente como comédia dramática, ambientado na década de 60 (?) um professor de física judeu, Lawrence Gopnik (Michael Stuhlbarg), não está feliz com a sua vida e busca o auxílio espiritual de três rabinos diferentes no intuito de encontrar respostas para os seus problemas: a esposa está o deixando por outro homem, um aluno asiático está na cola dele tentando recuperar uma nota, e um turbilhão de acontecimentos seguintes inconvenientes e desprezíveis pousam no terreno de Lawrence.
Antes de mais nada, é praticamente impossível não ficar contente com o espetáculo técnico que é Um Homem Sério. A fotografia sempre deslumbrante de Roger Deakins está presente, e em ótima forma; a trilha sonora é igualmente desnorteante; o elenco é autêntico; o roteiro é genial como nenhum outro da dupla; a direção é brilhante ao extremo... Um Homem Sério conquista fácil e, à medida em que corre, vai nos eletrizando com tamanha perspicácia que é difícil descrever.
Ambição não é lá bem a cara de Um Homem Sério. É um filme bem despretensioso, na verdade, tratando-se dos irmãos Coen, muito provavelmente até o filme mais pessoal da dupla. O que vale é degustar a abordagem e as delícias da narrativa empenhada, que oferece muito ao espectador.
Algumas sequências são bem memoráveis, possivelmente concorrendo até mesmo a melhores da filmografia dos Coen, como a cena inicial, ambientada num tempo passado em um pequeno vilarejo onde um homem judeu chega em casa e relata para a esposa que se encontrou com um conhecido dela na vinda pra casa, que a moça já diz estar falecido. É aí que eles recebem a visita do tal fantasma, que foi convidado pelo marido para tomar uma sopa. A mulher o apunhala, e ele então deixa a casa, a sangrar, intrigando o casal. É um plano especialmente surreal mas delirante de curioso. O outro é a cena do bar mitzvah do filho do Lawrence, engraçada e estranhíssima. Destaco também a sequência final e algumas sequências oníricas com o o professor.
A fábula moral-religiosa dos Coen filosofa sobre fé e validade do pensamento humano diante das expectativas do existencialismo e a nossa posição sobre o bem e o mal e como isso reflete na nossa perspectiva sobre a vida em si. A questão está em interpretar aquilo nos cerca. Tudo depende de como vemos as coisas, do jeito que interpretamos aquilo que nos acomete, como bem diz a frase que dá partida no filme: "Receba tudo o que te acontece com simplicidade". Será que a nossa posição sobre os valores da religião estão, de fato, justos? A fé implica no rumo das nossas vidas? O filme levanta diversas questões. A meditação metafórica sobre aceitação, crença e realização desdobra-se eu uma série de questionamentos saudáveis e que tendem a amadurecer no nosso consciente com o passar do tempo. É intrigante e atraente. Sem falar também que o filme mexe com diversas temáticas dentro do judaísmo (passagens, provérbios, personagens, éticas...), o que é recomendável e tanto pra quem é mais afeminado à religião, familiarizado com a cultura judaica. Ah, e eu adorei a inclusão da música-tema "Somebody to Love", da banda Jefferson Airplanes. É uma das minhas canções prediletas. Só de terem a posto aqui fiquei estonteado.
Um dos mais recentes (e primorosos) trabalhos dos Coen é um interessante e memorável exercício de reflexão que instiga e maravilha o espectador, que abre portas para várias possibilidades e divagações. Penso e penso, e o filme vai crescendo na minha mente. É impressionante. Mais uma vez, os geniais Coen Brothers emplacam pontos com uma obra deliciosamente bem-feita e digníssima de aplausos, uma experiência única.
P.S.: Pra quem procura uma análise mais aprofundada sobre o filme, recomendo demais este endereço. Me ajudou a compreender muita coisa, mas vale lembrar que o processo de digestão de Um Homem Sério é vagaroso mesmo. O filme respira com o passar do tempo. Mas se você não viu o filme ainda, não é aconselhável visitar, já que ele contém spoilers.
Um Homem Sério (A Serious Man)
dir. Joel Coen, Ethan Coen - ★★★★
O Homem Sério foi mesmo um ótimo trabalho dos irmãos Cohen.O filme foi devagar e alcance p o intermediário da concepção sublime de uma história de cão, só q o cão é um gato vira lata no bom sentido e claro.Merecido a partir indicação a Oscar de filme no ano.
ResponderExcluirO Homem Sério foi mesmo um ótimo trabalho dos irmãos Cohen.O filme foi devagar e alcance p o intermediário da concepção sublime de uma história de cão, só q o cão é um gato vira lata no bom sentido e claro.Merecido a partir indicação a Oscar de filme no ano.
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