Merry Christmas Eve, bitch!
Interessante observar como o gênero independente cresceu rapidamente de uns anos pra cá, e conquistou, gradativamente, um enorme espaço na indústria cinematográfica contemporânea, processo que ainda está em andamento e que tem muitos obstáculos a serem enfrentados. Na noite desse último domingo, de Oscar 2016, a produção independente Spotlight - Segredos Revelados, por exemplo, abocanhou o prêmio principal, de Melhor Filme, saindo à frente de outras potentes superproduções, como O Regresso e Mad Max - Estrada da Fúria, tidas como favoritas. No quesito cinema independente, o ano de 2015 foi marcado por vários destaques importantíssimos. Tangerine foi um dos exemplares mais comentados da safra e chegou aos cinemas nacionais no início de fevereiro. Por onde passou, de Sundance a Sight & Sound, o filme acumulou elogios.
É a história de duas amigas transsexuais que passam por poucas e boas durante a véspera de Natal. Sin-Dee Rella, recém-saída da prisão, foi traída pelo noivo e cafetão, um traficante, e agora está atrás da mulher com quem ele dormiu, e Alexandra, que está acompanhando a amiga desvairada e que está promovendo uma apresentação musical sua. As duas saem andando pelas ruas de L.A. discutindo a vida, comentando o mundo ao redor e tirando sarro dos problemas.
Uma coisa que eu não sabia sobre Tangerine, me interessei e corri pra ver, (graças à resenha do Ailton Monteiro) é que o filme foi inteiramente filmado na câmera de um iPhone (assim que soube lembrei daquela piada do Ben Stiller quando ele apresentou o Oscar de Fotografia em 2009. Ele disse que Quem Quer Ser um Milionário tinha sido filmado em um celular. A princípio, até pensei que era verdade, mas só depois fui me dar conta de que ele estava brincando). E, como o próprio Ailton mencionou, o legal do filme está justamente no visual, que, caso não fosse revelado o tal fato sobre o celular, passaria despercebido. A fotografia de Tangerine é excepcional, by the way.
O filme é, na maior parte do tempo, uma comédia. O núcleo do taxista é um pouco mais dramático do que o núcleo das travestis, por exemplo. Acho que só o final mesmo que recaí para o drama, mas Tangerine é definitivamente mais cômico do que dramático. Por conta da montagem e da cronologia da trama, os 79 minutos de filme passam num piscar de olhos. Dá impressão do mesmo ser um curta.
A verdade mesmo é que o filme é delicioso. Tangerine desconstrói a Los Angeles dos crimes e da perdição e reconta a cidade numa crônica moderna e cheia de excessos maravilhosos. Vale também reconhecer o valor das duas protagonistas do filme, as inexperientes e talentosíssimas Kitana Kiki Rodriguez e Mya Taylor (que venceu recentemente o Independent Spirit Award de Atriz Coadjuvante, que aconteceu no último sábado), que encarnam as desvairadas transsexuais Sin-Dee e Alexandra. As duas atrizes, que são transsexuais na vida real, estão incríveis. E como são poucas as artistas transsexuais hoje em dia em Hollywood, não? Eu mesmo só consigo lembrar da Laverne Cox, da série Orange is the New Black.
Tangerine já é um dos melhores filmes desse ano, so far. O filme explora com audácia e excelência o universo das transsexuais e do mundo da prostituição em Los Angeles, com uma leve pitada de sensibilidade e espírito, leveza e crítica. O trabalho é definitivamente um destaque do cinema indie. Merece ser visto. Na minha opinião, merecia ter um reconhecimento mais amplo. E confirma-se a autenticidade do promissor cineasta Sean S. Baker, diretor e roteirista do longa.
Tangerine
dir. Sean S. Baker - ★★★★
Uma coisa que eu não sabia sobre Tangerine, me interessei e corri pra ver, (graças à resenha do Ailton Monteiro) é que o filme foi inteiramente filmado na câmera de um iPhone (assim que soube lembrei daquela piada do Ben Stiller quando ele apresentou o Oscar de Fotografia em 2009. Ele disse que Quem Quer Ser um Milionário tinha sido filmado em um celular. A princípio, até pensei que era verdade, mas só depois fui me dar conta de que ele estava brincando). E, como o próprio Ailton mencionou, o legal do filme está justamente no visual, que, caso não fosse revelado o tal fato sobre o celular, passaria despercebido. A fotografia de Tangerine é excepcional, by the way.
O filme é, na maior parte do tempo, uma comédia. O núcleo do taxista é um pouco mais dramático do que o núcleo das travestis, por exemplo. Acho que só o final mesmo que recaí para o drama, mas Tangerine é definitivamente mais cômico do que dramático. Por conta da montagem e da cronologia da trama, os 79 minutos de filme passam num piscar de olhos. Dá impressão do mesmo ser um curta.
A verdade mesmo é que o filme é delicioso. Tangerine desconstrói a Los Angeles dos crimes e da perdição e reconta a cidade numa crônica moderna e cheia de excessos maravilhosos. Vale também reconhecer o valor das duas protagonistas do filme, as inexperientes e talentosíssimas Kitana Kiki Rodriguez e Mya Taylor (que venceu recentemente o Independent Spirit Award de Atriz Coadjuvante, que aconteceu no último sábado), que encarnam as desvairadas transsexuais Sin-Dee e Alexandra. As duas atrizes, que são transsexuais na vida real, estão incríveis. E como são poucas as artistas transsexuais hoje em dia em Hollywood, não? Eu mesmo só consigo lembrar da Laverne Cox, da série Orange is the New Black.
Tangerine já é um dos melhores filmes desse ano, so far. O filme explora com audácia e excelência o universo das transsexuais e do mundo da prostituição em Los Angeles, com uma leve pitada de sensibilidade e espírito, leveza e crítica. O trabalho é definitivamente um destaque do cinema indie. Merece ser visto. Na minha opinião, merecia ter um reconhecimento mais amplo. E confirma-se a autenticidade do promissor cineasta Sean S. Baker, diretor e roteirista do longa.
Tangerine
dir. Sean S. Baker - ★★★★
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