domingo, 15 de março de 2015

Crítica: "O ANO MAIS VIOLENTO" (2014) - ★★★★


J.C. Chandor quer se tornar um diretor universal. Quer ser aquele que consegue conduzir qualquer estilo de história, sob qualquer ângulo, usufruir dos mais diferentes métodos. E, posso até arriscar, se ele continuar assim, terá sucesso. Chandor, logo no primeiro longa, já tinha ganhado um enorme conceito cinematográfico, como diretor quanto roteirista, já que faturou uma merecida indicação ao Oscar na categoria de Roteiro Original por Margin Call; Neste longa, um fortíssimo drama de pontos altos, Chandor explora de maneira contundente essa memorável jornada de intrigas e desencontros, adquirindo uma vantajosa maturidade que daqui pra frente só tenderá a consagrá-lo.

O Ano Mais Violento soa familiar por lembrar em partes Margin Call, mas pode-se denotar que o ritmo da trama é super diferente do já citado filme de 2011. O novo trabalho de Chandor encarna com elegância e fragilidade um ano nem tão longe assim da atualidade: 1981, um ano extremamente conhecido por ter sido o pior de toda a história da cidade de Nova York. Assaltos, estupros, sequestros, assassinatos, tráfico de drogas, etc... 

Nesse mesmo tempo, um casal, Anna e Abel Morales, tentando crescer economicamente no ramo do petróleo, encontra-se numa situação conflituosa, quando os caminhões da empresa que transportam combustível são frequentemente roubados, o que leva a eles crer que estão sendo traídos por empresas parceiras. E a partir desses pequenos conflitos criminais e éticos, novas questões invadem o jogo e o filme começa a criar uma perversa e singular trama costurada no ritmo em que seus personagens evoluem e retrocedem nas suas planificações que regem vingança e poder. Entre outras: O Ano Mais Violento é um filme pra lá de "foda". Mesmo que seus segmentos de ação (cujos eu achei um pouco fracos) sejam bem contrários ao espirituoso clima que a trama traz, O Ano Mais Violento cria momentos que deixam o espectador arrepiado e extasiado.

O elenco, é claro, é responsável pela maioria dos elogios. Oscar Isaac atua impecável, sério, monumental, rígido e impávido, o que cada vez mais chama nossa atenção, deixando em segundo plano aquela que deveria escancarar, lógico, Jessica Chaisten, que vem me encantando desde seu lindíssimo desempenho em A Árvore da Vida. Mas, confesso, só foi mesmo depois de A Hora Mais Escura que a bela ruiva, aqui sensualmente loira, me deixou à beirinha da poltrona. De uma caracterização mais leve, suave, mas impressiva, como Anna Morales, atroz e ousada esposa de Abel, Chaisten poderia ter se destacado ainda mais, na minha opinião, para a força de seu talento. E vale lembrar que ainda não perdoei o fato dela ter sido deixada de fora da corrida do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante sendo substituída por Laura Dern em um papel bem menos retrativo do que este.

Falando em retrato, a direção de arte e o figurino são extremamente belos. Incrível também terem sido excluídos das categorias técnicas da premiação que tanto valoriza filmes ruins por suas poucas qualidades técnicas, citando o penúltimo vencedor das categorias discutidas O Grande Gatsby, logo aqui deixando de fora um filme por sua vez bom com todas e mais qualidades técnicas à altura das indicações. Enfim, desapontamentos à parte, O Ano Mais Violento tem um extremo cuidado com estes elementos técnicos, tanto que o próprio cenário bem valoriza a visão nova-iorquina do passado. Em uma cena, as torres gêmeas ainda podem ser vistas, o que achei espetacular. A edição também é de matar. Você, adorador(a) de épicos, adorador(a) de Jessica Chaisten, adorador(a) de Oscar Isaac, recomendo-vos o brilhante O Ano Mais Violento. 

O Ano Mais Violento (A Most Violent Year)
dir. J.C. Chandor - 

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