quinta-feira, 26 de março de 2015

Crítica: "VÍCIO INERENTE" (2014) - ★★★★


Vício Inerente é um filme de elementos. Um filme cuja atenciosa e surreal trama é quem ganha notoriedade e reconhecimento por toda uma série de técnicas que são utilizadas a seu favor. Já é bem raro ver Paul Thomas Anderson. Ver Vício Inerente é uma oportunidade única que ainda limita-se surgir de dois em dois anos, senão três (Magnólia/Embriagado de Amor) ou cinco (Sangue Negro/O Mestre). São muitos sentimentos interligados num só momento. Anderson, no entanto, faz bem ao ocasionar estes longos intervalos no lançamento de seus filmes: ele nunca erra a receita. Paul Thomas Anderson é um daqueles cineastas que não decepcionam em nada, simplesmente nada. Seu conteúdo dispensa falhas e a cada filme acumula aplausos.

Hoje foi um dia de muitas estreias. Cinderela, O Sal da Terra, Eduardo Coutinho - 7 de Outubro e Vício Inerente. Mesmo se tivesse tempo, acredito que não teria pique para assistir esses quatro filmes juntos num só único dia. Por isso, escolhi Vício Inerente, obviamente por alguns motivos já relatados neste post. Infelizmente, como nosso mercado cinematográfico ainda é um pouco atrasado quando o assunto é distribuição internacional, a opção, a única, foi vê-lo agora, a quase quatro meses depois de sua estreia nos E.U.A., passado os Oscars e tudo mais, numa sessão que apesar dos anteriores desapontamentos, foi divertida e bastante agradável.

Essa parceria com Paul faz muito bem a Joaquin Pheonix, impressionante pela segunda vez consecutiva como estrela de um filme do diretor. Diferentemente do dramático e melancólico O Mestre, Vício Inerente trata-se de uma colorida e bem montada comédia, sem exceder, lógico, algumas características particulares de P.T.A. (espírito non-sense, ação calculada e monotonia), mas que se destaca por ser uma das películas mais descontraídas dele. A mais descontraída desde, confesso, Boogie Nights Embriagado de Amor, quando Adam Sandler enfim mostrou um talento impecável na, sem dúvida, melhor interpretação de toda a sua carreira. Voltando ao assunto, Pheonix carrega consigo um ar natural de P.T.A. Um inexplicável ar de P.T.A. que nos faz tão satisfeitos à frente de uma obra estrelada por ele da autoria de Paul, neste caso, apenas a segunda das acredito mais que existiram. 

Afinal, como não gostar do filme que combina esta maravilhosa parceria, o elenco perfeito, técnicas extraordinariamente formidáveis, o estilo não-linear da história e, como citado, os memoráveis elementos utilizados pelo filme? A reprodução da década de 70 também trata-se de uma inspiradora razão para vê-lo. Policial e comédia, Vício Inerente nada mais além de uma soberba obra-prima do cinema atual. É um filme de, sem dúvida, qualidade e excelência, que brinda o público com uma maravilhosa e autêntica história de amor, crime, investigação e vida alinhada consequentemente com perfeição e glória à dedicação de sua esmerada equipe e é claro, de seu estupendo mestre, Paul Thomas Anderson, ainda sim intacto pela construção desta valiosa obra de sua querida filmografia.

Vício Inerente (Inherent Vice)
dir. Paul Thomas Anderson - ★★★★

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