segunda-feira, 16 de março de 2015

LOUIE / 3ª e 4ª Temporada


Dono de um humor ácido, inquieto, negativo, até por vezes receptivo, afável e simbolicamente lúdico, Louis C.K. - não faz tanto tempo assim - conseguiu ganhar meu reconhecimento através de um trabalho que o consagrou no seu meio funcional (TV) há mais ou dois anos atrás: o seriado Louie, unicamente disponível em cópias legendadas pela internet, que apesar do grande esforço pelo impiedoso download dos episódios, rendem algo de valor ímpar. Afinal, Louie é uma obra facílima de compreender-se. Minha simples teoria para esse fato é a qual a cada episódio, cada situação abordada e encarnada pelo nosso protagonista, tornam-as mais similares à realidade de pessoas comuns.

Louie é um comediante divorciado, mal-humorado, enrijecido, fracassado, pouco popular, e vulgarmente dizendo, azarão, que a cada oportunidade que à porta lhe bate, o mesmo a rejeita infielmente, quase invisivelmente, sem mesmo perceber o que aquilo lhe poderia proporcionar. Louie, de fato, é uma comédia (de um humor equilibradamente genial, por sinal), mas ainda se destaca ao meu ver por leves tons dramáticos, consequentes ao personagem em questão: um homem comum sem muitas pretensões apenas tentando levar a vida como qualquer um. Mas a vida, com este homem, não tende a ser nem um pouco fácil. É claro, isso também deve-se ao excelente talento de Louis C.K., criador, ator, escritor e editor da série, em encobrir misticamente o drama vivido por esta figura, impondo-lhe alguns dos mais medíocres, cômicos e singulares momentos. 

Quando soube da existência desta série, nada então sabia. Não conhecia, até o momento em que este trabalho foi-me citado, o comediante americano Louis C.K., tendo até então trabalhado no cinema em pequenas produções como roteirista, chegando num certo momento a colaborar com Chris Rock, um velho colega do stand-up, tanto na TV quanto nas telonas. Antes mesmo de procurar a série, tentei saber e aprofundar meus inexistentes conhecimentos sobre essa personalidade. No final do ano retrasado, achei no Netflix um episódio de stand-up excentricamente engraçado de cinquenta minutos gravado em 2012 ao vivo estrelado por Louis, e a partir dali, tive uma breve, mas não completa, noção da capacidade daquele cara. Só por introduzir-me a um pequeno conteúdo de sua vasta carreira, pude notar a presença de algo bem mais além do que minhas expectativas desenharam. Inacreditavelmente iniciei em um dia e terminei no outro a terceira temporada de Louie, sua magnum opus. Fiquei estonteado com a preciosidade daquele material pelos já amplificados treze episódios ali presentes. 

Basicamente, dedico minha empolgação ao competente elenco, incluindo, como já mencionei, Louis C.K., Melissa Leo (numa participação surpresa, avassaladora e bem inusual no episódio Telling Jokes/Set Up da 3ª temporada), Susan Kelechi Watson, Edward Gelbinovich, Sarah Silverman e Nick DiPaolo. No entanto, também merecem aparecer aqui por suas curtas performances: David Lynch, F. Murray Abraham, Amy Poehler, Chris Rock, Robin Williams (para evitar spoiler, há um diálogo realmente impressionante e irônico entre Robin e Louie que me emocionou bastante), Jay Leno e Jerry Seinfeld. 

A quarta temporada requer mais ênfase devido a um capítulo (o mais longo) dividido em seis episódios, que garantem boas risadas igualmente, apesar de boa parte de seu tempo ter me deixado bem vulnerável ao sentimentalismo. Se assistidos sem pausa, dão uma sensação extraordinária de longa-metragem (agradecimentos à direção e ao roteiro de C.K. nesses seis episódios e à edição conduzida pelo mesmo). Nesta quarta temporada, a série parece bem mais fora do controle daquilo que a série já identificava-se: um sentido irreal guiado pelo humor negro. Menção honrosa aos episódios: "Model", "So Did the Fat Lady" e "Back", à parte do já comentado longo segmento "Elevator".

Enfim, aqui encerro essa resenha a partir do seriado Louie: digno de aplausos por ser uma comédia de tal modo singular esplêndida, coisa rara hoje em dia a se ver logo na televisão. Enquanto isso, aguardo a chegada da tão esperada (e demorada) quinta temporada, re-assistindo as poucas e boas que esse incomparável "herói" passa por.

3ª TEMPORADA - 
4ª TEMPORADA - 


MELHOR EPISÓDIO (3ª Temporada): Telling Jokes/Set Up
MELHOR EPISÓDIO (4ª Temporada): Elevator (todas as partes) 

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