Tomei coragem e fui ver Fonte da Vida. Inicialmente, eu já tinha planos para ver Pi, primeiro longa-metragem de Darren Aronofsky, que está na minha lista do Netflix. Mas depois decidi ver o que mais me estava acessível: Fonte da Vida, de 2006, estrelado por Hugh Jackman e Rachel Weisz. E olha que, mesmo com todas as imperfeições, Fonte da Vida é uma obra belíssima e brilhante. Simplesmente inesquecível. No fim de tudo, apenas uma história de amor, comovente e sensível (segundo até mesmo Darren). Porém, como eu disse, Fonte da Vida possui graves imperfeições.
Confesso aqui que tenho uma grande apreciação por filmes de caráter complexo e que possuem interconexões em sua tramas. Filme com boa trama não tem igual. E é esse Fonte da Vida, que possui uma trama bem complicadinha, que exige um certo esforço do espectador para ser compreendida. O filme começa narrando a história de Tomas Creo, um navegador espanhol que é designado pela rainha a uma missão: embarcar rumo aos territórios maias para a descoberta da lendária árvore da vida, cuja seiva faz dos homens imortais. Nos tempos atuais, um moderno cientista chamado Tommy Creo acredita ter descoberto a cura do câncer através de compostos de uma árvore antiga originária da América Central, enquanto isso sua esposa, Izzi, é diagnosticada com um tumor. Izzi, que é obcecada com a cultura maia, pede a ajuda de Tommy para finalizar seu livro, ambientado na Espanha, no século 16. Um terceiro núcleo une os dois primeiros. No século 26, um astronauta luta para a sobrevivência de uma árvore que está morrendo.
Fonte da Vida é um filme cheio de simbolismos que até não prejudica o desenvolvimento da trama, mas que se encerra muito sem sentido. Acho que Darren poderia ter aproveitado a história melhor e transformado-a em algo de grande valor, mas não. Os três núcleos juntos terminam muito atípicos e sem resposta. E no que se diz respeito à interpretação, Fonte da Vida se dispõe à várias cujas não nos é possível identificar qual é a mais correta, apesar de ter uma que faz muita coerência e até deixa o filme com uma complexidade esbravecedora e genial. Acredito que exista apenas uma história, como o próprio Aronoskfy propôs: a história de Tommy e sua esposa, Izzi, nos tempos atuais. Izzi se baseia em Tommy e seu projeto para escrever um livro baseado nas aventuras de um navegador espanhol na América Central em busca da árvore da vida (neste caso, o navegador leva o nome de Tomas, bem semelhante à Tommy. O trabalho de Tommy é um tesouro científico, já que seu resultado experimental é fantástico. Com isso, o tal projeto de Tommy simboliza no livro a árvore da vida de Tomas). O terceiro núcleo, do astronauta futurista existencialista talvez simbolize a não-aceitação da morte de Tommy. (lá vem spoiler) Quando a esposa de Tommy morre de câncer, ele fica desolado e ainda sim não desiste de encerrar as investigações em busca da cura, ainda sim acreditando que o mesmo experimento poderá fazer sua esposa, morta, reviver. No entanto, o filme faz muita confusão por nada, talvez propositalmente (algo que não caiu bem). O que deveria ser algo mais explicativo ou até metafórico torna-se uma reflexão abstrata e totalmente experimental, o que contraria o objetivo do roteiro de ser apenas uma história de amor comum. Em vez disso, torna-se uma bagunça épica cheia de contrastes históricos sem pé nem cabeça. Mesmo assim, Fonte da Vida é genial. O trabalho de Aronofsky é virtuoso, mesmo à par de tanta desgraça. A tenacidade e o absoluto controle dos elementos transformam um trabalho em algo muito original e incomum, desta vez no bom sentido.
Gostei do elenco aqui, apesar de ser um elenco muito pequeno, para meu gosto. Acho que a melhor de todos é a Rachel, que estava maravilhosa tanto no papel da esposa de Tommy, Izzi, quanto no papel da Rainha. Hugh Jackman não sei não. Ele tava até bom, só que precisava de só mais um pouquinho pra ganhar a minha aprovação. Resumindo: ele poderia ter se saído melhor, no quesito interpretação. Tinha a chance de ser um bom ator, ganhar até talvez um Oscar (sim, estou sendo exagerado), mas não. Três personagens e performances medianas, que não me deixaram tão cativado mas nem tão exaustado. A trilha sonora de Clint Mansell, frequente colaborador de Aronofsky, é sublime. A fotografia de Matthew Libatique, da qual eu esperava ser um grande sucesso, ficou bem meia-boca no final. Artificial, diria.
Fonte da Vida (The Fountain)
dir. Darren Aronofsky - ★★★★
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