Assombrador, inesquecível e genial, Um Corpo que Cai é um daqueles filmes únicos. Únicos mesmos. Incrivelmente originais e sensacionais, cujo final estremece e deixa o espectador acordado por toda uma noite, sem tirar de sua cabeça as cenas atormentadoras, brilhantes e sensivelmente torturadoras do longa, saídas da perplexa e contundente mente de Alfred Hitchcock, gênio absoluto do cinema, e um dos diretores mais idolatrados e conceituados da história. Depois de vistas obras do cineasta, tais como esta aqui, Psicose, Os Pássaros, Janela Indiscreta, Disque M Para Matar entre outras plausíveis películas encantadora, vê-se bem mais além dos motivos dessa aclamação.
Inacreditável a crítica, na época do lançamento do filme, ter tão veemente atacado Hitchcock e difamado essa belíssima obra, com acusações, desculpem-me a severa linguagem, idiotas e sem sentido algum. Sem querer maldizer a década de 50 inteira pelo tal erro crítico, mas sinceramente, Um Corpo que Cai foi um filme visto de uma maneira errada, já que a interpretação do filme àquela altura foi da qual a trama era supostamente mal-contada por Hitchcock e o desfecho final era inteiramente controverso e inadequado, além de irracional, já que o vilão, à vista da crítica daquela época, repito, foi uma personagem muito "escondida", que não teve a oportunidade de ser explorada na história, e isso foi uma catástrofe para o desenvolvimento da trama - uma desculpa quão fatídica e sem conteúdo algum -. Enfim, só queria mesmo deixar claro o quanto fiquei triste por tal recepção, pois não tenho dúvidas de que Um Corpo que Cai é um dos melhores filmes que eu já vi em toda a minha vida, e possui uma das tramas mais bem-montadas e inteligentes da história do cinema. O sucesso de Um Corpo que Cai, grandioso, ainda sim pra mim foi pouco, para a extensa qualidade dessa obra de primeira.
Candidato provável e certeiro ao top 5 dos melhores filmes de Alfred Hitchcock, Um Corpo que Cai surgiu como última opção. Minha internet, hoje, por volta das duas da tarde, caiu repentinamente. Foi um pequeno erro da operadora. Depois de muita discussão, só agora ela foi voltar, inesperadamente, já que o prazo dado por uma das atendentes era de até 72 horas - absurdo -. Como eu tinha planejado anteriormente ver Drácula de Bram Stoker, numa cópia legendada na internet, fiquei sem ver. Por sorte, encontrei aqui no computador um download de Um Corpo que Cai, em uma pastinha intitulada "filmes", com vários outros títulos cinematográficos que me deixaram com, de fato, "água nos olhos". Minha Bela Dama, Crash - Estranhos Prazeres, Domicílio Conjugal, Dogville, O Bebê de Rosemary... Deu vontade de ver todos, mas a cópia que mais me agradou foi a de Um Corpo que Cai, em high definition, com legendas perfeitas... Uma cópia, de fato, dos deuses. Tais artifícios mais contribuíram para a minha ânsia em vê-lo, e que no final não pode ser contida. A sessão via computador, que eu tanto já previa detestar, acabou me agradando mais do que tais expectativas. E tanto ajudou para a minha adoração por essa obra de caráter singular e notório.
É de invejar o talento de Hitchcock para o cinema. A forma com a qual o cara assume a liderança da direção com tanta bravura e excelência, e ainda sim conduz os elementos com tanta delicadeza e extrema virtude... Invejável é pouco. Talvez maravilhoso, ou algo do tipo. Um Corpo que Cai, mais do que um suspense inovador e que de uns tempos pra cá tem influenciado muitos outros thrillers, que fizeram bastante sucesso (citando um exemplo, Garota Exemplar, que praticamente copia o estilo da trama de Um Corpo que Cai, apesar de tal exemplo também nem ter tanto crédito assim vai, já que seu diretor, David Fincher, é um dos alunos mais competentes de nosso querido Hitchcock, para não dizer que é o aluno mais competente e fiel dele).
Um Corpo que Cai é puro Hitchcock. Uma trama desfigurada, obsessiva e complexamente trágica, que não só transporta a loucura e o pânico da história para o público como também nos deixa mais sensíveis e até mesmo conspirados. Bom filme é assim. Mesmo depois que termina, ainda conspira e deixa marcas em quem o viu. No geral, boas marcas, já que a maioria delas diz respeito à sua qualidade.
Um Corpo que Cai é uma exigência cinéfila, em meus padrões. Hitchcock, de fato, é uma exigência cinéfila. E eu, como cinéfilo protestante - risos -, sou um fã ávido de Alfred Hitchcock. Na verdade, para ser bem sincero, o diretor, no início de minha cinefilia, que ainda é jovem, não me era tão interessante assim. Só de uns tempos pra cá vim a me intimar com o mestre do suspense e admirar todo o seu legado incomparável, de ponta a ponta, reconhecendo a inteira maioridade de sua carreira e a intensa qualidade de seus filmes.
E ver Um Corpo que Cai pode muito bem traduzir-se em uma experiência de cunho esplêndido e magnificente. Não só me apaixonei de cara pelo filme como também pude avaliar meticulosamente seus traços, conseguindo arrancar de cada um deles suas preciosidades criativas. Fracasso? Que nada. Desculpa para falta de explicação. Afinal, é até bem compreensível essa eminente falta de explicação. Diante de um longa tão forte e raro como esses, palavras ausentam-se no primeiro instante, e falar sobre tal filme torna-se uma missão bem mais difícil do que a facílima inicial missão de amá-lo. Só pra encerrar: a trilha sonora é surreal/divina/insubstituível.
Um Corpo que Cai (Vertigo)
dir. Alfred Hitchcock - ★★★★★
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