Sei lá. Hoje senti uma vontade doida de ver um filme com a Scarlett Johansson. Do nada. Eis que então decido assistir Moça com Brinco de Pérola. Um dos filmes mais célebres e fabulosos da bela Scarlett não só trata-se de um esbravecedor e original retrato épico como também uma importante observação dos costumes e arranjos artísticos do século 17. O mais interessante de Moça com Brinco de Pérola é que toda a história é fictícia. Não há, ao certo, corretos registros históricos que possam identificam a moça da pintura. O filme, que é baseado no romance homônimo de Tracy Chevalier, inventa uma narração em cima da origem da obra, de uma forma absolutamente desconcertante e valiosa.
Eu já havia estudado a pintura de Vermeer antes na escola. É uma pintura com traços muito requintados, bem-estruturados. Há uma detalhação incrível, que não é tão usual, mas que também não é tão única, se visto do modo generalizado. A história de Moça com Brinco de Pérola até torna o quadro mais emocionante, vivo. Bem, essa versão fictícia é, na minha opinião, um pouco mais adequada e sensível, versátil, do que a de que Vermeer retratou uma de suas filhas - que é uma das versões mais aceitáveis e protestadas da origem do quadro -.
Aqui em Moça com Brinco de Pérola não é só não a nova versão e todo o simbolismo por trás da história que tendem a agradar e sensibilizar o espectador. Acredito que, até bem mais do que tais atrativos criados pelo roteiro, o filme depende mais de sua arrebatadora estrutura técnica. Digo, por que é uma grande estrutura técnica. O filme talvez seja bem mais interessante pela construção épica dos cenários, dos figurinos e da fotografia do que do próprio roteiro - que é igualmente essencial -. Moça com Brinco de Pérola é uma obra belíssima. Singularmente bela. Raro, pra resumir de vez a minha intensa comoção e adoração. Eu gostei muito deste longa. Não só possui artifícios dignos de aplausos e reconhecimento, como também trata-se de uma restaurada ode à arte e ao processo que engloba todos os elementos dentro dela.
E Scarlett... Que bela e talentosa atriz! Minha motivação para ver esse filme, no final acabou me deixando bem mais encantado do que à primeira vista. Trata-se sim de uma das nossas mais preciosas atrizes atuais. Na época com 18 anos, Scarlett apresentou uma maturidade visivelmente brilhante, digo que não só para a sua idade, mas também para o seu senso visionário da história que recobriu a pintura, e de sua seriedade. Bem, não é algo impossível, mas não vemos tal dom todo dia. No papel de Griet, uma jovem empregada que ocupa-se da tarefa de limpar e executar serviços na casa de um renomado pintor, Johannes Vermeer, e que acaba-se tornando sua inspiração e musa, Scarlett é impagável quão sucessiva. Pena que o Oscar não a viu assim, nem ao menos em Encontros e Desencontros. Mas, com esperança, chegará o dia da querida Scarlett!
O que mais me fascina nesse filme além da lindíssima Scarlett é, sem dúvida, a extrema e cautelosa reconstrução da época e dos cenários, sem falar na fotografia, cuja comentarei não tão tarde. Filmado em Luxemburgo, tal reconstrução é impecavelmente detalhada e ambiciosíssima, uma vez da dimensão da direção de arte, dos figurinos excepcionalmente desenhados, da fotografia notoriamente sublime e da trilha sonora deslumbrante de Alexandre Desplat. A fotografia do português Eduardo Serra é uma das melhores coisas de Moça com Brinco de Pérola. Ver a dedicação de Serra, e o seu enorme empenho com o objetivo de recriar perfeitamente direto dos quadros de Vermeer a luz e o posicionamento ideal da câmera nos cenários, é profundamente aprazível.
Moça com Brinco de Pérola em nenhum momento falha na intenção de então reproduzir, recriar, invencionar, revolucionar através da ficção, que não só engana a certo modo por ser tão conectada à uma realidade possível, como serve de ligação para a falta de conhecimento, cuja já lhes informei anteriormente, a partir do desenvolvimento de "Rapariga com o Brinco de Pérola". E como não admirar a genialidade do retrato, o ponto mais admirável, depois de Johansson - é lógico -, e cultuado desse filme? Não só digo que é um longa pra lá de devaneador como é também por demais competente e multifacetado (em seu melhor sentido).
Moça com Brinco de Pérola (Girl with a Pearl Earring)
dir. Peter Webber - ★★★★
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