Minha Querida Dama tem suas qualidades e seus defeitos. O bom dessa parte é que a balança pesa mais nas qualidades. Os defeitos são poucos, mas que poderiam ter feito um bom estrago no filme, não tenho dúvida. Minha Querida Dama é uma doce e simpática comédia que narra a história de um nova-iorquino chamado Mathias, que vai para Paris, onde planeja morar no apartamento herdado do pai. Ao chegar no local, descobre que uma carismática e bondosa idosa, chamada Mathilde, pretende ficar no apartamento até a data de sua morte (viager). Mathias, com tal ideia, fica irado, já que tinha em mente o plano de vender o apartamento para conseguir dinheiro. No entanto, mesmo rejeitando o tratado da senhora, ele tem de enfrentar sua rígida filha, Chloé, que mora com Mathilde e intervém na missão de Mathias a todo instante.
A estreia de Israel Horovitz, roteirista de Sunshine, o Despertar de um Século, na direção é, de uma certa forma, bem-sucedida. Digo, há erros, mas não é nada grave. Embora funcione mais como uma tragicomédia, Minha Querida Dama não deixa de ter um humor muito delicado e agradável. No final, trata-se de uma história bem refinada e triste, sem deixar de ser prazerosa. Triste justo pelo caminho que tal história toma em certos aspectos. É meio triste, sim. Minha Querida Dama é um filme bem deprê, se visto de um ângulo mais perspectivo e simbólico.
Talvez, o maior defeito deste longa seja sua duração. Uma hora e quarenta não é nada tão tortuoso. Isto é, dependendo do filme. As críticas negativas em relação à Minha Querida Dama que protestavam que tal duração era demasiada e imprecisa para sua narração estão sim parcialmente certas. Concordo que a duração implique em algumas partes do filme. Afinal, contar uma história dessas tão simples e sem muitos artifícios estratégicos é uma missão para, no máximo, uma hora e meia. Oitenta minutos de filme já seria, na minha opinião, algo bem suficiente. Afinal, como li no Rotten Tomatoes, Minha Querida Dama é um filme que possui um ar mais teatral, menos provido de técnica. Se a duração do filme cansa? Disso eu não posso discordar. Talvez esse seja o erro mais irritante de Minha Querida Dama. E quando o final chega adiantado? Aí é que a coisa fica mais difícil.
Minha Querida Dama vale bem mais pela performance extraordinária de Maggie Smith. Na verdade, não estranhem tanto não: sou um baita de um puxa-saco da querida Maggie. Pra falar a verdade, tenho uma tia-avó que se parece um pouco com ela. Não é tão idosa como ela, mas a aparência dela lembra bastante, e como sou um pouco apegado à ela, talvez isso influencie. Mas o talento da Maggie também é muito valioso. Certamente é uma das maiores atrizes britânicas. E o melhor é que ela continua bem ativa, apesar da longevidade. Mês passado ela estava formidável em O Exótico Hotel Marigold 2, faz um tempinho que vi, mas a memória é intensa, também gostei muito dela em O Quarteto. Olha... Pra não deixar o texto mais longo, vou parar por aqui mesmo. É tanto filme bom que ela tem feito ultimamente. Faz tempo que não vejo uma boa performance do Kevin Kline. Ele anda bem sumido. Mas, praticamente veio com tudo aqui. Kristin Scott Thomas, linda como sempre.
Eu gostei de Minha Querida Dama. Se bem que é um filme que depende do espectador. Mas é um bom filme. Boas performances, uma boa história. Uma sacada inteligente, mostra que no final a vida dos personagens estão interligadas em um espelho, e também como cada um deles teve seus problemas inspirados em suas influências principais. (lá vem spoiler) Por exemplo, Chloé teve seu caso com um homem casado inspirado em sua mãe, que teve um relacionamento com o pai de Mathias durante o casamento dele. Por sua vez, Mathias, que tentou suicídio uma vez, se inspirou na mãe, que se suicidou de uma forma violentíssima. Nessa parte, cuja eu muito admiro, o roteiro é um trabalho exímio, bem assim como Minha Querida Dama (o título vem de Minha Bela Dama, que em inglês é My Fair Lady, e que aqui virou My Old Lady - outro fatal erro das distribuidoras, tanto no clássico como no filme atual -, apesar de ambos os filmes terem pouquíssimas semelhanças) é.
Minha Querida Dama (My Old Lady)
dir. Israel Horovitz - ★★★
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