E Veep continua daquele mesmo jeito. É uma série muito inteligente e fabrica humor de primeira, mas não raramente termino episódios com a cara fechada. Gostei da primeira temporada. Sutil, bem-resolvida e interessante, além da apresentação impecável da história da Selina, ainda sendo introduzida naquela época. A segunda temporada, também foi bem divertida (é claro, a maior parte do sucesso de Veep se dá graças ao talento incomparável de Julia Louis-Dreyfus), com uma entonada ênfase ao elenco sensacional. A terceira temporada me agradou - nem tanto, mas também não foi ruim. Nesta quarta temporada, o estado delicado de Veep retorna ao consagrado estado estável, talvez o mais estável possível desde a 1ª temporada, já que ambas 2ª e 3ª temporadas terminaram bem medianas, em especial esta última.
Mas nunca fui fã de Veep. Adoro, mas não como fã. Não gosto tanto por que exagera em certos quesitos, tal mesmo como a sátira, mesmo que ótima, política, às vezes aborrece o público e não gera qualidade. Isso me deixa irado. Mesmo que essa sátira oscile, o sarcasmo afiado e a benevolência da narrativa ganham fácil a aprovação do público, e nisso é impossível negar que Veep capricha, prazerosamente. A 4ª temporada é, embora bem-feita, repetitiva. Ganha meu voto por que ainda sim permanece excelente, e nisso não desanima, e faz jus ao talento ascendente do comediante Armando Iannucci, criador da série. Não escapa de alguns erros, mas seu humor salva o Titanic do náufrago.
Gosto de pensar em uma versão brasileira de Veep. É uma ideia acalentadora e extremamente virtuosa. Pena que, como andam as coisas por aqui, tal versão mesmo poderia causar "polêmica" ou até mesmo ser censurada pelos ignorantes irracionais, e, por quem sabe, os mesmos que governam este país, iguais ignorantes irracionais? Veep, série americana que no final tem um gostinho bem doce de humor inglês é uma das melhores séries de comédia atuais. Traz consigo Selina, que antes era vice-presidente, ocupando o cargo de presidente, tornando-se a primeira mulher a ser eleita e designada a tal posto nos EUA (algo que futuramente poderá se tornar realidade para os americanos, já que Hillary Clinton é uma das mais fortes candidatas à eleição presidencial do país, que acontecerá ano que vem. Rezemos, é claro, para que tal futuro de Hillary não seja "amaldiçoado" pelo insensato presente que acomete ao nosso povo brasileiro, tendo em nosso cargo uma decepção atordoante, para ser sincero, que destruiu muito as perspectivas e esperanças da reeleição ano passado, cuja escolha foi certamente errada e realizada às cegas).
O brilho desta quarta temporada é, como em todas as outras três, Julia Louis-Dreyfus, a talentosa ex-estrela de um seriado que eu gostava bastante, o engraçadíssimo As Novas Aventuras da Velha Christine, que deu a Julia seu primeiro Emmy de Melhor Atriz Principal em Comédia, prêmio que nos últimos três anos a rendeu outras três estatuetas da categoria por sua performance como Selina Meyer aqui em Veep, cuja não muito dificilmente a poderá render mais um Emmy este ano. Julia, como Selina, enquanto veste uma carapuça séria, distinta, sempre muito rígida, mandona - de fato - e cautelosa, é indubitavelmente muito engraçada, atrapalhada e tresloucada. E, de fato, todo o elenco está meramente maravilhoso. Talvez a pressão da eleição de Selina tenha dado aos personagens um empurrão ameaçador e provocante, que os deu uma porção maior de intensidade. Aí está a quarta temporada de Veep: suavemente clichê, profundamente interessante e cômica. Afinal, toda política é superficialmente austera. Leis, presidência, promessas, economia... Tudo não passa de uma baita brincadeira. Assim é a política, seja nos E.U.A., aqui ou na China, a política foi criada mesmo para fazer a gente rir. Veep é uma prova disso.
4ª TEMPORADA: ★★★★
MELHOR EPISÓDIO: East Wing (E2) - ★★★★
MENÇÃO HONROSA: Election Night (E10) - ★★★
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