Lembro de ter acompanhado avidamente e com energia o Oscar 2014, do início ao fim, desde as previsões baratas pós-Oscar 2013 até o anúncio dos indicados ao Globo de Ouro, prêmios de sindicato & cia. Creio até que o Oscar 2014 foi a edição mais badalada que eu já segui, se bem que eu sou novo no ramo então não posso afirmar mais. Também foi a 1ª edição que eu vi pela TV, inteira, desde o tapete vermelho até o anúncio do vencedor de Melhor Filme. No Oscar 2013, dormi bem no começo, e estava acompanhando pelo celular, vejam só! Peguei o Oscar 2012 bem no meio, e só deu pra conferir alguns vencedores. E lembro de só ter conferido alguns flashes do Oscar 2011 (vale lembrar que sou um cinéfilo de tempo recente, pessoal). Enfim, voltando ao que interessa: em compensação, um montão de filmes indicados ficaram pra ver depois do prêmio na época (fiquei dando atenção para as categorias menores e esqueci os fortões). De 2014 pra cá, desde que consegui uma cópia de Nebraska, tentei ver um bilhão de vezes e nunca terminava. Até hoje.
Dirigido por Alexander Payne (é estranho, mas o Payne não tem nem 30 anos de carreira - às vezes, dá a impressão de que, com aquela filmografia, o cara é um veterano), Nebraska é uma reflexão intensa e simplista sobre a velhice, o tempo e as singelezas que a vida nos apronta. Nebraska é muita coisa ao mesmo tempo. E é também uma obra pra lá de espetacular. Na minha opinião, o melhor filme do Payne continua sendo Sideways - Entre Umas e Outras, muito embora eu não tenha conferido ainda nem Os Descendentes nem As Confissões de Schmidt (esse eu vi parcialmente, confesso), mesmo assim Nebraska tem sua importância e devido lugar na filmografia do americano.
É a história de um idoso, Woody (Bruce Dern, numa performance absolutamente incrível), que recebe uma carta que diz que ele recebeu 1 milhão de dólares. A carta, no entanto, é a propaganda de assinatura de uma revista (marketing). O homem então decide partir para a cidade de Lincoln, em Nebraska, para "buscar" a tal fortuna. O filho dele (Will Forte), que trabalha numa loja de aparelhos eletrônicos, ciente da presepada, decide fazer uma viagem só para distrair a mente dele.
Apesar do desenrolar contido e pouco conflituoso, a narrativa de Nebraska é de ouro. O roteiro, magistral, leva a assinatura de Bob Nelson. O astral melancólico do filme proporciona momentos confortáveis dramáticos bem como certos destaques cômicos (a atuação excepcional da June Squibb, por exemplo), muito embora o filme esteja bem distante de ser uma comédia propriamente dita. É um road movie com pitadas de drama, mas que também não é um drama propriamente dito. É difícil descrever a qual gênero Nebraska pertence. Comédia dramática? Sim, sim, acho que ficou melhor dessa forma.
A fotografia em P&B, de tons cinzentos e prateados, ampliam a sintonia com um clima melancólico e vagaroso assumido pelo filme. As paisagens, os cenários, os espectros antiquados... Nebraska é visualmente potente, sem sombra de dúvida. Um prato cheio pra quem aprecia um filme bonito e bem filmado. Alexander decidiu trabalhar novamente ao lado de Phedon Papamichael (de Sideways), e o resultado é delicioso. A fotografia é uma das melhores coisas de Nebraska, presumo. A indicação ao Oscar foi muito justa, e caso vencesse melhor ainda seria, mas era impossível alguém daquela lista bater a fotografia maravilhosa de Gravidade.
Leva um tempo pra compreender mais profundamente Nebraska. O filme vai amadurecendo na nossa memória com o passar do tempo. A influência do cinema pensante de Yasujiro Ozu é notória, como de costume (é possível encontrar a referência em outros exemplares dirigidos por Alexander). A história de passos lentos e largos de um homem procurando "sarna pra coçar" filosofa sobre a emergência do tempo e contempla a busca e seu significado, as raízes da reflexão e a desconstrução da glória e da bondade, da harmonia entre as relações humanas e do medo por aquilo que está perdido.
Seja pelo elenco sadio (além dos ótimos Bruce Dern e June Squibb, Will Forte também tá imperdível), pelo roteiro plausível do estreante Bob Nelson, o Alexander Payne, a fotografia de Papamichael, a trilha sonora divina (Mark Orton), Nebraska é um filme precioso, de muitas maneiras. Rende ver. Um carrossel cinematográfico completo, visionário e bem-feito. Pode não ser marcante, mas é inestimável, essencial. Um olhar complexo e delicado sobre a vida ao redor.
Nebraska
dir. Alexander Payne - ★★★★
Nebraska,eu mão conferi nos cinemas devido a uma forte Labirintite q me possibilitou de assisti no cinema,mas depois aluguei no Net OnDemand,e não só me fascinou pela fotografia,como o fato de ser Road Movie,mas os atores principalmente o Dern,foi uma das mais inspiradoras q eu já assisti.Embora quem tem um pai ou mãe em tais situações na vida real,o q não é nada engraçado. O filme e sensível e de grande valor.p as camadas gerontológicad. Mi
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