O Oscar é domingo e todo o mundo está acompanhando de perto o calor do evento e cultivando a ansiedade. No mais, já disse um bilhão de vezes e volto a repetir, esse foi um Oscar bem confuso. Não me levem a mal, a maioria dos candidatos são certos, e essa até que é uma edição mais organizada, comparada a outros anos, mas a falta de variedade dos filmes nomeados, a previsibilidade... Já tivemos coisa melhor. E ainda, enquanto o planeta já se vê comemorando a 1ª vitória certeira do DiCaprio, estou procurando ficar psicologicamente relaxado nesses dias (sem sucesso) para evitar dores de cabeça com as possíveis decepções que a noite de domingo me trará, como aconteceu no ano passado (terem deixado Boyhood com uma só estatueta foi uma injustiça vergonhosa). E, do Oscar desse ano, a categoria mais injustiçada e quebrada foi a de Melhor Ator Coadjuvante. São muitos os motivos.
Ainda que muitos atores importantes, donos de performances exímias, tenham sido deixados de fora, a categoria de Ator Coadjuvante até que conseguiu ser bastante equilibrada, assim como a de Atriz Coadjuvante, mesmo a par de injustiças (Oscar sem injustiça é como um rádio sem o botão de volume). Dos que não conseguiram finalizar, estão, entre os principais: Idris Elba (Beasts of No Nation), Paul Dano (Love & Mercy) e o Michael Shannon, por 99 Casas. Eu gostei de todos os indicados, e não trocaria ninguém por ninguém, mas deveriam ter nomeado o Michael. Ele está ótimo aqui. E, nessa levada, seria muito justo terem nomeado também o Andrew Garfield, que está ainda mais excepcional que o Shannon.
Em 99 Casas, Garfield vive um trabalhador que faz pontas em construções e que é despejado de sua casa por um inescrupuloso agente imobiliário, vivido por Michael Shannon. Por coincidência, os dois se reencontram e Dennis Nash (Andrew) começa a trabalhar para Rick Carver (Shannon), no intuito de sustentar sua mãe (Laura Dern) e o filho e recuperar a sua casa, tomada pelo governo. Porém, nem tudo são rosas no novo trabalho de Dennis.
Aos poucos, Dennis vai substituindo o chefão e passa a despejar em nome da corporação. O protagonista enfrenta um dilema moral: inevitavelmente ele passa a se solidarizar com as figuras que vai encontrando e conhecendo: pessoas inseguras, sem pra onde ir, totalmente perdidas e que estão profundamente abaladas e traumatizadas pela crise no ramo imobiliário nos Estados Unidos (lembra bastante A Grande Aposta, tirando toda aquela complexidade Wallstreetiana & cia.). Enquanto isso, ele não enxerga outra alternativa senão trabalhar despejando pessoas: o cara não tem formação acadêmica, largou a escola antes de finalizar os estudos, e que antes mal conseguia sustentar a família com baixos salários nos trampos de carpinteiro/mecânico/encanador...
Quer dizer, como se vive assim? O único jeito é ignorar. É cada um por si. Pode soar egoísta, mas a tática é sobreviver. E a gente sobrevive como pode, custando isso o que custar. O cineasta metade persa metade americano Ramin Bahrani fez sucesso em 2007, com seu hit indie Chop Shop, aclamadíssimo e que conquistou de primeira o renomado crítico Roger Ebert, que o nomeou um dos melhores filmes não só da década mas de todos os tempos. Ele é o diretor/produtor/roteirista de 99 Casas.
O retrato da história inspirada em fatos reais distancia-se dos clichês popularmente coniventes ao subgênero e revela-se um poderoso trabalho crível e sublimemente singular. O elenco é pequeno (na verdade o filme é praticamente apenas Shannon, Garfield e Dern) mas forte o suficiente para impressionar e deixar a sua marca. A potência dramática de 99 Casas é surpreendente. A sequência final, por exemplo, é chocante de tão poderosa. O diretor independente Ramin Bahrani se confirma como uma das apostas mais promissoras da temporada. A dupla protagonista é perplexamente talentosa. 99 Casas é um filme maravilhoso. Recomendável. Não chegou ainda em solo nacional.
99 Casas (99 Homes)
dir. Ramin Bahrani - ★★★★
Este filme vale a pena. Tem uma boa mensagem além é muito interessante. Eu adorei o trabalho de Laura Dern neste filme. É de admirar o profissionalismo da atriz, trabalha muito para se entregar em cada atuação o melhor, sempre supera seus papeis anteriores. Sempre demonstrou por que é considerada uma grande atriz. Devo dizer que 99 Homes é um dos trabalhos dela que eu mais gosto além de The Tale um dos Laura Dern filmes que valem a pena. Eu também recomendo. É um filme bom e muito interessante. É um dos melhores filmes de drama, tem uma boa história, atuações maravilhosas e um bom roteiro. Já estou esperando o seu próximo projeto, seguro será um sucesso.
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