quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Crítica: "TRUMBO: LISTA NEGRA" (2015) - ★★★


Menos de 20 dias para o Oscar 2016 e eu tenho uma lista cheia de filmes indicados pra ver. Como nesse ano muitos dos indicados acabaram se repetindo em outras categorias, em especial as técnicas, a variedade no geral caiu em relação aos anos anteriores (isso pode ser até mesmo evidenciado, levemente, no último Oscar 2015). Trumbo: Lista Negra surgiu no ano passado como uma das principais apostas ao prêmio, mas com o passar do tempo foi descartado, e ressurgiu com duas indicações ao Globo de Ouro 2016, para o Cranston (Ator - Drama) e a Helen Mirren (Atriz Coadjuvante). A dupla recebeu mais indicações adiante em prêmios importantes, como o SAG, onde também recebeu uma nomeação a Melhor Elenco. Apesar do fôlego, o filme apenas arrecadou uma indicação a Melhor Ator no Oscar, para Bryan Cranston. A performance dele é justamente o melhor do filme.

O cineasta/produtor Jay Roach, conhecido por dirigir as comédias Entrando numa Fria, Os Candidatos e a franquia Austin Powers, é quem dirige Trumbo: Lista Negra, que não é nem drama nem comédia, apesar de momentos cômicos que roubam a cena com elegância aqui. No entanto, apesar dos pontos marcados (e erros também, só pra lembrar), talvez o maior destaque de Trumbo seja mesmo o Bryan Cranston, cuja esforçada performance é inesquecivelmente plausível e firme. O filme em si, apesar do Bryan, é repleto de imperfeições e controvérsias. Não deixa de ser um retrato curioso do universo hollywoodiano entrando em colapso com a Guerra Fria e as ameaças do comunismo na faixa dos últimos anos da década de 50 para os anos 60.

Entre os candidatos à estatueta de Melhor Ator deste, Bryan só fica atrás do DiCaprio e do Fassbender. Mas é até interessante notar como a atuação dele foi tão abrangente e reconhecida a ponto de ter levado o nome de Trumbo: Lista Negra, filme avidamente detonado pela crítica especializada, ao Oscar e ao Globo de Ouro, por exemplo. Por outra via, eu não concordei muito com a atenção à Helen Mirren, aqui num papel bem coadjuvante. Dá pra contar com os dedos em quantas cenas ela aparece. E não é nem por isso que ela foi tão superestimada. Não há graça em ver ela na pele de Hedda Hopper. Simplesmente não há. O Oscar fez bem em não nomeá-la (Helen era uma das favoritas a Atriz Coadjuvante, injustamente).

Trumbo: Lista Negra é uma cinebiografia parcial do lendário roteirista Dalton Trumbo, que, devido a seu posicionamento político, foi ocultado de Hollywood e teve de mudar de nome para exercer a sua profissão. Quanto às falsas empreitadas inventadas pelo filme, só digo que há prós e há contras. Enquanto se trata de uma falta de responsabilidade com o retrato biográfico do roteirista e uma gororoba de invenções alternativas que não seguem o ritmo do filme e só vão tornando a sessão cada vez mais desinteressante (sendo estas as "desculpas" em parte compreensíveis da crítica para acabar com o filme), não há como não ser enganado. Por exemplo, eu não sabia que certos personagens não existiam e que certas situações igualmente eram falsas, mas o filme me enganou. E isso serve até pra denunciar como a gente conhece pouco a história do Trumbo, roteirista de A Princesa e o Plebeu e Spartacus, um dos prováveis mais importantes da história do cinema.

Enfim, se o andamento do filme é confuso demais e perplexamente desleixado, o espectador pode agradecer por um elenco competente e focado, liderado por um empenhado Cranston, estrela de TV desembarcando com estilo às telonas. Há também uma imensa qualidade no desempenho técnico de Trumbo: Lista Negra, que apesar de ser uma produção independente se salva nos quesitos técnicos. Sendo ou não uma questão de economia, caiu como uma luva. Entre acertos e deslizes, se tem algo que faça valer a pena conferir Trumbo é o Bryan Cranston. E sem mais.

Trumbo: Lista Negra (Trumbo)
dir. Jay Roach - 

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