Em primeiro lugar, Clube de Compras Dallas é um filme muito deprimente. Não querendo dizer que seja deprimente de ruim, mas sim porque conta uma história bem deprê mesmo, de contagiar o espectador. E, ainda que seja assim, não chega a ser um melodrama, de chorar e tal, mas continua sendo um filme bastante difícil de encarar, pela questão da profundidade e do rigor dramático. Um eletricista texano, Ron Woodroof, que ocasionalmente participa de rodeios, descobre ter AIDS e sua vida muda drasticamente.
Ele aprende a ignorar o preconceito alheio quanto à doença e segue pesquisando, até que, após parar numa clínica no México, ele descobre que o medicamento dos hospitais para os pacientes com AIDS está retrocedendo a cura do vírus. Após receber da clínica uma porrada de remédios e vitaminas, ele transporta para os E.U.A. e monta, ao lado da travesti Rayon (Leto, o próximo Coringa), o "Clube de Compras Dallas".
Clube de Compras Dallas levou um tempão pra sair do papel. O roteirista Craig Borten entrevistou Woodroof em 1992, um ano antes de sua morte, e escreveu o roteiro. Oito anos mais tarde, ele o reescreveu ao lado de Melisa Wallack e o vendeu para o produtor Robbie Brenner. De 2000 pra cá, foram incontáveis as tentativas de colocar o projeto nos trilhos. Em 2009, McConaughey foi escalado e não mais tarde o cineasta canadense Jean-Marc Vallée, que na época havia dirigido A Jovem Rainha Vitória, adentrou o projeto. As filmagens começaram em novembro de 2012 e o filme entrou em cartaz um ano depois, em novembro de 2013.
Estrategicamente, o lançamento do filme logo fez par com a temporada de premiações, tendo a dupla Jared Leto e Matthew McConaughey ganhado diversos prêmios de 2013 para 2014, incluindo os Óscares nas categorias de Ator e Ator Coadjuvante, sem falar no prêmio de Maquiagem e Penteados. Vale ressaltar que Clube de Compras Dallas, no entanto, é mais que apenas um filme de Oscar. Definitivamente não é o melhor trabalho, mas se trata de um bom filme na maioria dos aspectos aqui presentes.
Pra começar, o elenco é avassalador, com destaque especial às performances excepcionais da dupla Jared e Matthew. Nunca se viu uma dupla mais competente em papéis tão exigentes. Jennifer Garner na melhor performance de toda a sua carreira, ainda que coadjuvante, e que na minha opinião merecia uma indicação ao Oscar, se bem que nem é essa a preocupação quando se fala de reconhecimento, já que de injustiças o Oscar tem até o talo. A criticada mulher do Ben Affleck encarna uma personagem forte e equilibrada, uma médica que tenta buscar soluções para o tratamento dos pacientes, e que conquista o nosso protagonista.
Às vezes dá raiva da ignorância de Ron Woodroof. A gente sente pena da desgraça da doença que o acomete, e ao mesmo tempo dá vontade de entrar na tela e dar um murro pra ver se ele acorda de vez e larga de palhaçada, de ir procurar um rumo e parar de se perder mais do que já está. Sem querer insinuar spoilers, a certa altura do filme ele até dá uma segurada. É legal ir percebendo como ele vai aprendendo a respeitar a travesti Rayon, quem ele tanto xingava e maldizia, e como a relação deles dois vai crescendo a partir da criação do "Clube de Compras Dallas".
Com um trabalho formidável desses, Vallée se consagra como um diretor de peso (a regência do elenco, a condução das sequências, a idealização em geral), mas que ainda tem muito o que mostrar. Ou seja, ele ainda não conseguiu se libertar do status de promissor. Mas que ele é um bom diretor, isso eu não posso negar.
Clube de Compras Dallas tem certos defeitos, mas é um filme sem sombra de dúvida único, que soma qualidades, difícil de esquecer. De certa maneira, é tão perturbador quanto o filme seguinte de Vallée, que também tinha como protagonista uma pessoa perdida e desencontrada, sem rumo, que vai aprendendo a se render, Livre. Clube de Compras Dallas é impactante.
Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club)
dir. Jean-Marc Vallée - ★★★★
Ele aprende a ignorar o preconceito alheio quanto à doença e segue pesquisando, até que, após parar numa clínica no México, ele descobre que o medicamento dos hospitais para os pacientes com AIDS está retrocedendo a cura do vírus. Após receber da clínica uma porrada de remédios e vitaminas, ele transporta para os E.U.A. e monta, ao lado da travesti Rayon (Leto, o próximo Coringa), o "Clube de Compras Dallas".
Clube de Compras Dallas levou um tempão pra sair do papel. O roteirista Craig Borten entrevistou Woodroof em 1992, um ano antes de sua morte, e escreveu o roteiro. Oito anos mais tarde, ele o reescreveu ao lado de Melisa Wallack e o vendeu para o produtor Robbie Brenner. De 2000 pra cá, foram incontáveis as tentativas de colocar o projeto nos trilhos. Em 2009, McConaughey foi escalado e não mais tarde o cineasta canadense Jean-Marc Vallée, que na época havia dirigido A Jovem Rainha Vitória, adentrou o projeto. As filmagens começaram em novembro de 2012 e o filme entrou em cartaz um ano depois, em novembro de 2013.
Estrategicamente, o lançamento do filme logo fez par com a temporada de premiações, tendo a dupla Jared Leto e Matthew McConaughey ganhado diversos prêmios de 2013 para 2014, incluindo os Óscares nas categorias de Ator e Ator Coadjuvante, sem falar no prêmio de Maquiagem e Penteados. Vale ressaltar que Clube de Compras Dallas, no entanto, é mais que apenas um filme de Oscar. Definitivamente não é o melhor trabalho, mas se trata de um bom filme na maioria dos aspectos aqui presentes.
Pra começar, o elenco é avassalador, com destaque especial às performances excepcionais da dupla Jared e Matthew. Nunca se viu uma dupla mais competente em papéis tão exigentes. Jennifer Garner na melhor performance de toda a sua carreira, ainda que coadjuvante, e que na minha opinião merecia uma indicação ao Oscar, se bem que nem é essa a preocupação quando se fala de reconhecimento, já que de injustiças o Oscar tem até o talo. A criticada mulher do Ben Affleck encarna uma personagem forte e equilibrada, uma médica que tenta buscar soluções para o tratamento dos pacientes, e que conquista o nosso protagonista.
Às vezes dá raiva da ignorância de Ron Woodroof. A gente sente pena da desgraça da doença que o acomete, e ao mesmo tempo dá vontade de entrar na tela e dar um murro pra ver se ele acorda de vez e larga de palhaçada, de ir procurar um rumo e parar de se perder mais do que já está. Sem querer insinuar spoilers, a certa altura do filme ele até dá uma segurada. É legal ir percebendo como ele vai aprendendo a respeitar a travesti Rayon, quem ele tanto xingava e maldizia, e como a relação deles dois vai crescendo a partir da criação do "Clube de Compras Dallas".
Com um trabalho formidável desses, Vallée se consagra como um diretor de peso (a regência do elenco, a condução das sequências, a idealização em geral), mas que ainda tem muito o que mostrar. Ou seja, ele ainda não conseguiu se libertar do status de promissor. Mas que ele é um bom diretor, isso eu não posso negar.
Clube de Compras Dallas tem certos defeitos, mas é um filme sem sombra de dúvida único, que soma qualidades, difícil de esquecer. De certa maneira, é tão perturbador quanto o filme seguinte de Vallée, que também tinha como protagonista uma pessoa perdida e desencontrada, sem rumo, que vai aprendendo a se render, Livre. Clube de Compras Dallas é impactante.
Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club)
dir. Jean-Marc Vallée - ★★★★
Nenhum comentário:
Postar um comentário